Jornal Estado de Minas

COVID-19

Com queda de 70% no número de passageiros, empresas de ônibus de BH parcelam salários

Os funcionários do transporte coletivo por ônibus de Belo Horizonte já sentem os efeitos da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) no bolso. Por causa da queda da arrecadação, em função da diminuição do número de passageiros na ordem de 70%, algumas empresas negociam o pagamento dos salários dos profissionais em três parcelas. Também há casos de redução de jornada de trabalho e gratificação.



Um motorista, que não será identificado, relatou ao Estado de Minas que o pagamento referente a março foi depositado normalmente. No entanto, a empresa já avisou que, a partir deste mês, haverá redução de jornada de trabalho, tendo como consequência um corte de 50% no salário. Apesar disso, ele celebra o fato de ainda estar empregado.

“O que eu penso é o seguinte: claro que redução salarial nunca é bom, mas na atual situação que estamos vivendo, temos que entender que está difícil para todo mundo. Mas é como diz o ditado: melhor pingar do que faltar. Pelo menos a gente ainda está empregado. Não teve demissão”, disse.

Há também relatos de empresa que passará a pagar funcionários apenas pela hora trabalhada, o que pode significar uma redução considerável nos vencimentos, uma vez que o quadro de horários dos coletivos estão reduzidos, se comparado com dias normais. Hoje, o piso salarial dos motoristas, por exemplo, gira em torno de R$ 2.337,00.



De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), algumas empresas negociam o pagamento dos salários em três vezes e que precisam aguardar a receita do dia da roleta para poder honrar com os débitos.

A entidade também destacou que todas as medidas estão sendo tomadas com base na Medida Provisória (MP) 936, do governo federal, que trata sobre o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda

Colapso no sistema

Com a queda no número de passageiros, que reflete diretamente na baixa arrecadação, o Setra admitiu que teme um colapso no transporte coletivo da capital mineira até o fim de abril. A entidade alerta que, além do pagamento dos funcionários, há outras despesas, como a compra de insumos, como o óleo diesel.

“A queda crescente de receita e de demanda de passageiros sinaliza para um colapso do sistema e que só com ajuda do poder público as empresas vão ter condições de enfrentar a crise honrando seus compromissos com salários e pagamento de óleo diesel para continuar operando”, disse, em nota.