Jornal Estado de Minas

Coronavírus: Divinópolis poderá ter toque de recolher e fechamento de supermercados e padarias


O isolamento total da sociedade e o toque de recolher poderão ser implantados em Divinópolis, Região Centro-Oeste de Minas. As medidas mais rígidas foram cogitadas pela coordenadora de Vigilância em Saúde, Janice Soares, durante coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira (09). A possibilidade é avaliada caso haja a lotação de todos os leitos disponíveis no sistema hospitalar da cidade.


A informação veio no mesmo dia da confirmação de duas mortes no município pelo novo coronavírus. Uma das pacientes era natural de Divinópolis, era médica e tinha 46 anos. A outra era uma idosa, de 82 anos, moradora de Nova Serrana. Hoje, há 10 pessoas internadas em estado grave em enfermarias e outras cinco com quadro clínico gravíssimo em Centros de Terapia Intensiva (CTI’s).



Na prática, as normas mais rígidas poderão significar o fechamento dos serviços essenciais, como supermercados e padarias. Janice disse que elas seguem o padrão adotado em alguns países na Europa onde a prática ficou conhecida como “lockdown”. “Isso é mais agravante que a nossa situação atual. Hoje, estamos com o isolamento social horizontal, mas, se os nossos leitos estiverem lotados, até serviços essenciais poderão ser fechados. E, também, as pessoas terão o toque de recolher”, alertou.

A preocupação da Secretaria de Saúde é com o afrouxamento por parte da própria população. Ao longo desta semana, a aglomeração de pessoas na região central aumentou significativamente, mesmo com o comércio fechado. “Não queremos que isso aconteça em Divinópolis. Para isso não acontecer, nós temos que nos isolar agora para que nossos hospitais não fiquem lotados”, afirmou. Ações de conscientização como distribuição de máscaras foram desencadeadas por fiscais e Polícia Militar próximo às agências bancárias.


O município defende a continuidade do isolamento horizontal para o achatamento da curva de transmissão. “Estamos na fase de epidemias localizadas, mas nas próximas semanas vamos entrar na fase de aceleração. Isso vai ficar muito perigoso e vai sobrecarregar os nossos serviços. Vamos ter consciência e ficar em casa”, orientou a coordenadora.

A cidade conta com 222 leitos e terá acréscimo de 70, sendo 40 no hospital de campanha instalado no estacionamento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e outros 30 no Complexo de Saúde São João de Deus.

Apesar dos alertas, o secretário de Saúde Amarildo de Sousa afirmou que a ocupação de leitos está abaixo do 100%. “Com o esforço do enfrentamento ao coronavírus o Estado de Minas Gerais decidiu pela suspensão dos procedimentos eletivos em uma lógica muito acertada. Estamos realizando cirurgias oncológicas e cardíacas apenas. Devido a isso, nós temos essa possibilidade de vagas. Não fosse isso, já estaríamos com o nosso sistema colapsado”, disse. Sousa ainda citou a redução de internações por acidentes de trânsito e violência, como homicídios.

“Esse esforço é para que o nosso sistema se concentre em atender à Covid-19 e por isso ainda não recusamos pacientes”, finalizou.

*Amanda Quintiliano, especial para o EM