Jornal Estado de Minas

Professores de MG denunciam sobrecarga de trabalho: ''Mais de 12h por dia''


Em meio a um cenário de incerteza, professores da rede particular de ensino denunciam sobrecarga e aumento de gastos com o trabalho remoto em Minas devido ao isolamento por causa do novo coronavírus. Segundo o sindicato da categoria, o Sinpro-MG, alguns profissionais estão trabalhando mais de 12 horas por dia, contra uma carga de 4 horas em dias normais, sem saber se terão salários em dia e empregos mantidos.


A presidente do sindicato, Valéria Morato, criticou a cobrança dos pais e das escolas em relação ao conteúdo ministrado on-line, principalmente no ensino infantil e fundamental 1. "Os professores deixaram o presencial para virarem praticamente youtubers. As escolas tratam a educação como mercadoria e o aluno como cliente, sem se preocupar com a parte cidadã, que também faz parte da educação", disse. 

As reivindicações da categoria vão além. A representante relatou que profissionais tiveram de aumentar seus gastos com a compra de computadores e alteração de planos de internet. "Liminar da Justiça permite o trabalho virtual dos professores, desde que sejam ofertadas pelas escolas as condições adequadas para exercê-lo", disse.

Risco de demissões 

A situação ficou mais tensa depois que o Procon-MG orientou as escolas particulares a darem descontos nas mensalidades, além da permissão da suspensão do contrato por parte dos pais, sem multa, "até o término do período de isolamento", conforme nota técnica divulgada nessa quarta-feira (8). Na ocasião, o sindicato da categoria (Sinep-MG), alertou para o risco de fechamento das instituições de educação infantil particulares em Minas e de demissões em massa. 



"Não acho necessário nenhum órgão intervir. A escola privada é uma escolha dos pais e essa relação de confiança precisa valer também em momentos como este', disse Valéria, que lembrou da liminar concedida pela justiça que autoriza o trabalho remoto sem que haja prejuízo no pagamento de salários. "A medida está em vigor por tempo indeterminado e as aulas on-line estão valendo como dadas, havendo assim, necessidade de remuneração". 

Valéria reiterou ainda que a reposição dos dias parados em decorrência da pandemia será negociada oportunamente entre o Sinpro Minas e os sindicatos patronais. Segundo ela, uma nova reunião está marcada para a próxima terça-feira.

 

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