Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS

'Presos' na Argentina, irmãos mineiros estão perto de ficar sem dinheiro para nada

Grupo de brasileiros que estudava na Argentina (foto: Arquivo pessoal Isac dos Santos Lopes)
O sonho de aprender e se tornar fluente numa segunda língua, o espanhol. Esse era o desejo dos irmãos Isac dos Santos Lopes, de 27 anos, e Isaura dos Santos Lopes, de 20, integrantes do Quilombo do Suaçuí, descendentes dos Piaus, no limite dos municípios de Coluna e Paulistas, no Vale do Rio Doce.


 
No entanto, o sonho se transformou em pesadelo. Foram para Córdoba, na Argentina, e, com o coronavírus, permanecem por lá quase sem dinheiro e com dificuldades para retornar para casa. No ano passado, os irmãos decidiram que iriam aprender espanhol. Começaram a pesquisas na internet e descobriram uma escola, a Cape Idiomas, que lhes dava uma boa perspectiva. “Eles davam um desconto de 50% no custo do curso, que duraria todo o mês de março. As demais despesas, viagem, hospedagem e alimentação corriam por conta do interessado. Eu e minha irmã nos matriculamos, fizemos provas e passamos. Viemos para cá no início de março”, conta Isac.
 
Ele relata que até o início do curso tudo parecia normal, mas, depois de uma semana, passaram a chegar notícias sobre o vírus. “Tudo começou a mudar. As aulas já não eram mais presenciais, pois a escola foi fechada. As aulas eram pelo computador. Nosso retorno seria no dia 23. Procuramos a Latam, a companhia da qual temos passagem, mas diziam que o voo estava cancelado. Na última hora, nos chamaram e mandaram que fôssemos para o aeroporto nessa mesma data. Mas quando chegamos lá, disseram que não tinha avião, os voos tinham sido cancelados. A Argentina entrou em quarentena e não tínhamos mais como voltar”.


Desespero

O primeiro problema era onde morar. Eles conseguiram resolver por sorte, como diz Isac. “Estávamos alugando um quarto na casa de uma senhora. Como ela viu a nossa situação quando voltamos do aeroporto, falou que a gente podia ficar e que pagaríamos depois. Teremos de dar um jeito de acertar com ela. Pela alimentação pagamos 150 pesos por cada um, são duas ao dia, o que significa R$ 30 por dia, para cada um”.


 
A saída foi procurar ajuda no consulado brasileiro. Todos os dias. “O dinheiro que temos é só para comer e, assim mesmo, dará para 10, no máximo 15 dias”, afirma Isac.
 
Ele e a irmã estavam ainda na companhia de três brasileiras, as capixabas Aline Pisara da Rocha, de 27 anos, Michelle Nayara Vieira dos Santos, de 27, e a mato-grossense Larissa Pares Galharte, de 27. 
 
Surgiu uma possibilidade de deixar Córdoba e a Argentina, mas ela não seria o ideal, segundo Isac, por estarem sem dinheiro. “O consulado mandou um informe dizendo que iremos de ônibus até Uruguaia e que de lá estaremos por nossa conta e teremos de nos virar”.


 
A situação é ainda mais grave, como conta Isac. “No informativo, disseram que estão conseguindo um ônibus, mas que não dispõem de recursos e, por isso, cada um terá de pagar cerca de R$ 500. Isso para ficar em Uruguaiana”.
 
No desespero, Isac torce por uma mudança nos planos do consulado brasileiro. “Sabemos que o governo federal já resgatou brasileiro na África do Sul, por exemplo. Então, por que não nos buscam aqui? Torço para que essa decisão mude. Caso contrário, não temos recursos para pegar esse ônibus”.
 
No desespero, Isac decidiu espalhar pedidos de ajuda nas redes sociais. Postoua história dele e da irmã e colocou sua conta para quem quiser ajudar: Banco do Brasil; Agência 5662-6; conta 7063-7. “Somos gratos a quem puder ajudar”.