Lições de solidariedade desde o início da crise do coronavírus em Belo Horizonte vêm de todos os lados e colocam em evidência grupos que normalmente praticam a caridade, mas que, até então, eram quase anônimos. É o caso dos Pais do Bem, formado por pais de ex-alunos do Colégio Loyola, que todas as sextas-feiras saem às ruas distribuindo alimento para moradores de rua.
Na semana passada, o prato foi uma galinhada, distribuída no Bairro Prado. Nesta Sexta-feira da Paixão, será massa, com duas opções: molho pomodoro e molho branco. Além disso, por causa da data, cada marmitex terá um ovo.
A história começou há alguns anos, segundo contam o engenheiro têxtil Lito Mascarenhas, de 49 anos, e o engenheiro eletricista e analista de sistemas José Maurício Resende, de 56 anos. “A gente se encontrava todos os dias, quando íamos levar e buscar os filhos. Só que, à tarde, os meninos eram pequenos ainda, a gente ficava esperando a aula acabar e, de conversa em conversa, nasceu uma forte amizade. A tal ponto, que um dos amigos, o Carlos Augusto, trazia tira-gostos. A gente ficava ali conversando e beliscando”, conta Lito.
O tempo foi passando e o grupo continuava junto. “Somos 20 no total, todos homens. Os meninos começaram a se formar, e há cerca de cinco anos resolvemos criar o grupo gastronômico, que batizamos de Pais do Bem. A ideia nasceu com o intuito de ajudar, numa festa do Colégio Loyola. Os padres não tinham recursos para o bufê. Juntamos e conseguimos. Deu tão certo, que ainda sobrou dinheiro para ajudar o trabalho beneficente da escola”,conta José Maurício.
O grupo Pais do Bem, segundo Lito, passou a ajudar a Associação Pais do Loyola (APL) e a Jornada Inaciana de Acolhimento (JIAC), que é promovida pelo colégio. “Coincidentemente, todos nós tínhamos como hobby a cozinha e decidimos partir para esse lado, o de promover eventos cuja renda seria revertida para instituições beneficentes. No início, as do Loyola, mas, depois, se espalharam”.
A nova ajuda
Atualmente, o grupo participa de um evento por mês. Com a chegada do coronavírus, eles se reuniram e decidiram ampliar a ação solidária, segundo Lito. “Pensamos nos moradores de rua. Não dá pra ser todo dia, pois cada um tem sua atividade. Aí, decidimos fazer uma vez por semana. Um de nossos integrantes, o Marlos Riani, que é advogado, nos colocou em contato com a Pastoral da Rua, com quem fizemos parceria”, detalha Lito.
Uma parte do grupo faz a comida. Seis cuidam da distribuição. Nesta quarta-feira (8), eles foram até o Spoletto, que doou macarrão e molho. “Eles iriam perder tudo se não tivessem doado”, diz Lito. O que foi arrecadado foi distribuído aos cozinheiros na noite desta quinta (9) e na Sexta-feira da Paixão eles levarão tudo até a Pastoral da Rua, que fará a distribuição".
“A gente se diverte ajudando”, diz José Maurício, que anuncia que na próxima semana o prato terá carne de boi, fruto de doação. “O Assacabrasa fez uma promoção e vendeu todo o seu estoque de carne. Um terço de cada quilo foi revertido para a nossa campanha”.