Cerca de 46 brasileiros estão retidos em Caracas, na Venezuela, sem saber como voltar ao Brasil. Um deles é o mineiro Tawler Andrade dos Santos, de 31 anos, analista de sistemas, que vive em Ponte Nova, na Zona da Mata mineira, que denuncia descaso por parte da embaixada brasileira, que está fechada desde 27 de março. Tawler estava de férias e foi ao país vizinho rever amigos, mas agora teme perder o emprego.
“Estávamos indo à embaixada, mas ela fechou. Passaram-nos um contato, da embaixada. A gente liga e só mandam a gente esperar. Não falam mais nada. Mas estamos sabendo que virá, do Brasil, um avião para buscar os funcionários da embaixada. E nós? Como vamos fazer? Vão nos abandonar aqui?”, indagou.
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Sua maior preocupação é que suas férias já terminaram. “Foi no último dia 5. Liguei e pedi para usarem o banco de horas. Fizeram isso, mas me avisaram que tenho de estar de volta no dia 13. Isso é na segunda-feira. Estou desesperado. Não sei o que fazer, pois não existem voos. Seria preciso que o governo brasileiro nos resgatasse, até domingo. Mas não falam nada. Parece que nos abandonaram.”
Em dólar
A vida em Caracas é muito cara, segundo ele conta. Para se ter uma ideia, um dólar vale 50.906 bolivares soberanos. O dólar é a moeda corrente no país.
“Tenho de fazer compra de comida, em supermercado. O problema é o troco. Você paga em dólar e o troco vem aquele monte de dinheiro. Não dá. Não cabe no bolso. Precisaria de uma mala ou um carinho para transportas o dinheiro. Por isso, sou obrigado a comprar de 20 em 20 dólares”, conta Tawler.
O fato de ser Semana Santa deixa Tawler desanimado. Segundo conta, todo o contato com a embaixada brasileira é feito através de contato por WhatsApp e e-mail.
O fato de ser Semana Santa deixa Tawler desanimado. Segundo conta, todo o contato com a embaixada brasileira é feito através de contato por WhatsApp e e-mail.
“Você faz um contato, por WhatsApp, e eles mandam um formulário para preencher. Toda vez é isso. Respondo preenchido. Mas se mandamos mensagem por e-mail, nem resposta vem. Estou com medo de ser abandonado aqui e de perder meu emprego.”
Contatado pela reportagem, o Itamaraty não responde até o fechamento desta matéria.