Matheus Felipe de Souza Rocha tem 34 anos e é motorista de aplicativo há três anos e meio. Optou pela profissão depois de perder o emprego no ramo da hotelaria. Agora, em tempos de pandemia do novo coronavírus, ele enfrenta dois grandes desafios: a queda drástica do número de viagens e a vulnerabilidade ao se expor à contaminação pela COVID-19. Mas como motoristas estão reagindo a corridas cujo destino final é uma unidade de saúde? O Estado de Minas conversou com três condutores de aplicativo que contam a apreensão de rodar pela capital mineira nesse período em que a doença avança.
"O volume de chamadas despencou. Temos trabalhado mais horas, mas a produção caiu demais", conta Matheus Felipe. Ele conta que a grande maioria das corridas que ele tem atendido é para supermercados e casa de parentes ou amigos. E, apesar da recomendação de isolamento, afirma que muitos encontros sociais continuam acorrendo normalmente.
Apesar do grande número de pessoas com suspeita da COVID-19 na capital mineira, ele não detectou possível aumento no volume de corridas para unidades hospitalares. Entretanto, teme esse tipo de chamada: "Eu tenho medo quando vejo que o destino final é um hospital. Alguns colegas não tem, mas eu acho muito perigoso".
Na avaliação dele, os hospitais seriam os maiores focos de proliferação de todas as doenças. Então, opta por cancelar a corrida. "Sei que as pessoas precisam do atendimento, mas pra nós é muito arriscado", lamenta.
E não é só essa precaução que ele tem tomado para não se infectar. Ele conta que limpa todo o interior do carro com um pano úmido e solução de água com água sanitária pelo menos duas vezes por dia. Maçanetas, puxadores, cinto, painel e assoalho são muito bem higienizados. "Além disso, em nenhuma hipótese eu trabalho com os vidros fechados e ar-condicionado ligado. Se o cliente exigir, eu cancelo a corrida sem custo e peço que ele chame outro motorista", acrescenta.
Pano para o passageiro que venha a tossir e kit limpeza no porta-malas. Essas são algumas das muitas medidas de cuidado em tempos de pandemia adotadas por Augusto Cezar de Araujo, de 49, que engrossa o número de motoristas que circulam pela cidade. Ele explica que é uma rotina de muita apreensão. "Mas o mais agravante em tempos de pandemia é com relação à família. Ficamos com receio de dar um simples abraço, pois, só em imaginar que você possa pegar e transmitir, é muito tenso", lamenta.
Com relação às chamadas relacionadas aos hospitais, ele as mantém: "Até momento, praticamente, levei somente profissionais da área da saúde. As poucas pessoas que levei – que não trabalhavam no setor –, aparentemente não apresentavam sintomas. Também não relataram", disse. Mas quando Augusto observa que o destino será alguma unidade de saúde, ele fica mais atento a possíveis sinais do passageiro.
João Rodrigues Cordeiro Júnior, de 46, é de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele afirma que tem mais temor em aceitar uma corrida que tenha como origem um supermercado do que de um passageiro que vá ou saia de um hospital. "Estamos apreensivos o tempo todo. Mas eu tenho muito mais medo de ser contaminado quando busco uma família em um supermercado. Pois muitos não levam as recomendações a sério. Tenho medo de pegar um desses passageiros com grandes sacolas de compras", pontua.
Além do mais, segundo ele, as pessoas que estão se deslocando para unidades de saúde estão mais precavidas: "Já estão com máscaras".
A vice-presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativos do Estado de Minas Gerais (Sicovapp), Simone Almeida, confirma que o perfil do serviço mudou. Depois que da edição do decreto que suspende funcionamento comercial e atividades com potencial de aglomerações de pessoas, houve uma severa diminuição de ônibus em Belo Horizonte. Isso fez com que a população procurasse mais o transporte por aplicativo em horários em que a oferta de coletivos é menor.
"Não notamos o aumento de viagens com destino ou início em hospitais por passageiros comuns e, sim, por profissionais da saúde e da segurança pública após as 22h", diz Simone.
"O volume de chamadas despencou. Temos trabalhado mais horas, mas a produção caiu demais", conta Matheus Felipe. Ele conta que a grande maioria das corridas que ele tem atendido é para supermercados e casa de parentes ou amigos. E, apesar da recomendação de isolamento, afirma que muitos encontros sociais continuam acorrendo normalmente.
Apesar do grande número de pessoas com suspeita da COVID-19 na capital mineira, ele não detectou possível aumento no volume de corridas para unidades hospitalares. Entretanto, teme esse tipo de chamada: "Eu tenho medo quando vejo que o destino final é um hospital. Alguns colegas não tem, mas eu acho muito perigoso".
Na avaliação dele, os hospitais seriam os maiores focos de proliferação de todas as doenças. Então, opta por cancelar a corrida. "Sei que as pessoas precisam do atendimento, mas pra nós é muito arriscado", lamenta.
E não é só essa precaução que ele tem tomado para não se infectar. Ele conta que limpa todo o interior do carro com um pano úmido e solução de água com água sanitária pelo menos duas vezes por dia. Maçanetas, puxadores, cinto, painel e assoalho são muito bem higienizados. "Além disso, em nenhuma hipótese eu trabalho com os vidros fechados e ar-condicionado ligado. Se o cliente exigir, eu cancelo a corrida sem custo e peço que ele chame outro motorista", acrescenta.
Pano para o passageiro que venha a tossir e kit limpeza no porta-malas. Essas são algumas das muitas medidas de cuidado em tempos de pandemia adotadas por Augusto Cezar de Araujo, de 49, que engrossa o número de motoristas que circulam pela cidade. Ele explica que é uma rotina de muita apreensão. "Mas o mais agravante em tempos de pandemia é com relação à família. Ficamos com receio de dar um simples abraço, pois, só em imaginar que você possa pegar e transmitir, é muito tenso", lamenta.
Com relação às chamadas relacionadas aos hospitais, ele as mantém: "Até momento, praticamente, levei somente profissionais da área da saúde. As poucas pessoas que levei – que não trabalhavam no setor –, aparentemente não apresentavam sintomas. Também não relataram", disse. Mas quando Augusto observa que o destino será alguma unidade de saúde, ele fica mais atento a possíveis sinais do passageiro.
João Rodrigues Cordeiro Júnior, de 46, é de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele afirma que tem mais temor em aceitar uma corrida que tenha como origem um supermercado do que de um passageiro que vá ou saia de um hospital. "Estamos apreensivos o tempo todo. Mas eu tenho muito mais medo de ser contaminado quando busco uma família em um supermercado. Pois muitos não levam as recomendações a sério. Tenho medo de pegar um desses passageiros com grandes sacolas de compras", pontua.
Além do mais, segundo ele, as pessoas que estão se deslocando para unidades de saúde estão mais precavidas: "Já estão com máscaras".
A vice-presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativos do Estado de Minas Gerais (Sicovapp), Simone Almeida, confirma que o perfil do serviço mudou. Depois que da edição do decreto que suspende funcionamento comercial e atividades com potencial de aglomerações de pessoas, houve uma severa diminuição de ônibus em Belo Horizonte. Isso fez com que a população procurasse mais o transporte por aplicativo em horários em que a oferta de coletivos é menor.
"Não notamos o aumento de viagens com destino ou início em hospitais por passageiros comuns e, sim, por profissionais da saúde e da segurança pública após as 22h", diz Simone.