A despeito da recomendação do prefeito Alexandre Kalil de que “é hora de tentar comer arroz e feijão”, a população de Belo Horizonte saiu atrás dos ovos dos Páscoa neste sábado (11). Nas ruas da capital, não faltaram lojas de chocolates dispostas a atender o desejo da clientela, contrariando o decreto municipal 17.328/2020, que fechou o comércio não essencial da cidade a partir de 9 de abril, por tempo indeterminado. No Centro e na Região da Pampulha, o Estado de Minas flagrou ao menos oito estabelecimentos abertos. A maioria, com filas formadas nas portas e ao longo de calçadas.
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Unidade das Lojas Americanas em BH fura quarentena e tem alvará cassadoMercado de ovos de páscoa está entre os mais afetados pela pandemia do CoronavírusPáscoa em quarentena: Restaurantes de BH celebram pequena 'ressurreição' com deliveryNa Avenida Olegário Maciel, próximo do Mercado Novo, a 1001 festas, empresa tradicional do segmento de doces, balas, bombons e artigos para festas também ignorou o decreto de Kalil. Os clientes foram, inclusive, liberados para circular dentro da loja. A entrada era controlada por um segurança a fim de evitar aglomerações. A limitação, no entanto, gerou filas. O Estado de Minas contou ao menos 20 pessoas reunidas no entorno do comércio início desta tarde.
A corrida aos ovos de páscoas gerou movimento ainda em unidades da Cacau Show e da Chocolates Brasil Cacau, localizadas no Centro, na Savassi e no bairro Dona Clara, na Região da Pampulha. Os funcionários tomavam nota dos pedidos na calçada. Em seguida, entravam nos estabelecimentos para pegar os produtos e entregar à freguesia. A equipe de jornalistas tentou conversar com proprietários e funcionários dos empreendimentos citados, sem sucesso.
Doçura e economia
Entre os consumidores que saíram às ruas neste sábado (11), a disposição para gastar dinheiro parecia moderada. Boa parte relatou ter aproveitado promoções.
Caso da cabeleireira Flavia Gomes de Almeida, de 27 anos, que comprou seis ovos de páscoa nas Lojas Americanas via aplicativo. No início da tarde, ela veio retirar os produtos na porta do estabelecimento estabelecimento. Ela diz que gastou cerca de R$ 150. “Vou dar de presente para minha filha, sobrinhos e afilhados. Não achei os ovos que eu queria, que são os mais procurados. Mas achei alguns com um bom desconto”, comemora.
A dona de casa Andreia Amaral, por sua vez, veio à loja 1001 festas comprar os insumos para produzir os ovos com que vai presentear as crianças da família. Ela e o marido, o porteiro Bruno Amaral, afirmam ter gastado cerca de R$ 200 em chocolates, embalagens e formas. “Sai mais barato. Todo ano eu faço”, observa Andreia.
A dona de casa Andreia Amaral, por sua vez, veio à loja 1001 festas comprar os insumos para produzir os ovos com que vai presentear as crianças da família. Ela e o marido, o porteiro Bruno Amaral, afirmam ter gastado cerca de R$ 200 em chocolates, embalagens e formas. “Sai mais barato. Todo ano eu faço”, observa Andreia.
Já para enfermeira Aparecida Michele dos Santos, as compras de Páscoa são um investimento. Ela diz ter comprado R$ 800 em ingredientes para a confecção de ovos, atividade que realiza há 26 anos para complementar a renda. “Investi R$ 800, espero fazer pelo menos uns R$ 2 mil. Essa páscoa foi, pra mim, bem melhor do que eu esperava. Eu já tinha um estoque de chocolate em casa. Achei que ele ficaria encalhado. Eu não só vendi, como vim aqui agora, comprar mais para atender as encomendas que recebi”, relata.
Supermercado
No supermercado EPA - unidade da avenida Nossa Senhora do Carmo, na Região Centro-Sul de BH, a procura por ovos de chocolate era pequena no início da tarde deste sábado (11). A empresa, que está autorizada a funcionar durante o período de isolamento social, uma vez que se enquadra na categoria de comércio essencial, estabeleceu parcerias com lojas de chocolates finos, como a Cacau Show.
Segundo a gerente do estabelecimento, Gilda Santos, a novidade tem despertado o interesse dos clientes. A procura pelos ovos, no entanto, seria significativamente menor em relação ao ano passado. “Ah, caiu....Não consigo puxar aqui o comparativo agora, mas diminuiu”, comenta a profissional.
Interior
No interior, as cenas de aglomeração nas portas das lojas de chocolates eram comuns neste sábado (11). Em Mariana, na Região Central de Minas, houve fila no quarteirão da Cacau Show. Os clientes procuravam respeitar certa distância uns dos outros, mas a quantidade de pessoas reunidas chamava a atenção. Esta manhã, eram cerca de 30 na franquia da rua Cláudio Manuel, no centro histórico da cidade.
A auxiliar administrativa Tainara Rodrigues, de 20 anos, foi ao local acompanhada da mãe e do irmão. “A gente não esperava que iria encontrar essas filas. Em todo lugar encontramos", afirmou a jovem.
Questionada sobre o risco de ir às ruas em meio à pandemia da COVID-19, sobretudo em um grupo de pessoas da mesma família, Tainara deu a entender que a vontade de degustar chocolates na Páscoa foi maior do que o receio de contrair a doença. “Tenho medo... Mas estou aqui”, confessou.