O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, voltou a defender, nesta segunda-feira, a manutenção do isolamento social para barrar a proliferação do novo coronavírus. Segundo Amaral, o afrouxamento das medidas restritivas está ligado ao comportamento da ‘curva’ de casos da doença no estado. De acordo com ele, um hipotético aumento nas estatísticas da COVID-19 pode indicar, inclusive, mais rigor no distanciamento.
“Quando falamos em manter o isolamento, pensamos em um período maior, como até maio ou junho. Mas não quer dizer que vamos manter o isolamento da forma proposta neste momento. Podemos reduzir a intensidade do isolamento ou, até mesmo, aumentar a necessidade [das medidas de restrição]”, destacou.
Amaral acredita no papel do isolamento até que o número de pessoas infectadas seja suficiente para proteger coletivamente a sociedade. “É como se fosse um mecanismo de ‘imunidade de rebanho’. Ou seja: uma pessoa doente, em vez de encontrar vários suscetíveis à doença, cruza com cidadãos imunes”, projetou.
Ainda segundo ele, os próximos dois meses, por serem, historicamente, época de expansão da transmissão de doenças respiratórias, podem contribuir para inflar a ‘curva’ de casos do coronavírus.
Leitos e respiradores
Dados da secretaria de Saúde apontam que cerca de metade das unidades de terapia intensiva (UTIs) do estado estão disponíveis. Os leitos gerais, por sua vez, têm 56% de taxa de ocupação. "Temos uma grande capacidade ociosa. Há cerca de 5 mil leitos que podem ser recrutados a qualquer momento”, comentou Carlos Eduardo Amaral, dizendo que o número de unidades ocupadas pode variar de acordo com as regiões.
Ainda de acordo com a pasta, 46 dos 220 respiradores mecânicos entregues à manutenção já estão prontos para uso. Os equipamentos estão sendo consertados por uma força-tarefa liderada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
No último dia 2, em reunião com deputados estaduais, Amaral detalhou a oferta de unidades de terapia intensiva em solo mineiro. Atualmente, as casas de saúde pública de Minas Gerais têm 2.013 leitos de UTI. Os hospitais particulares, por sua vez, têm 1.083.
Exames
Amaral falou também sobre a capacidade operacional do estado para fazer testes da doença. Há 600 exames pendentes nos estoques da Fundação Ezequiel Dias (Funed). O número está abaixo da capacidade produtiva máxima do estado. Os laboratórios da Funed, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Hemominas podem fazer, juntos, mil exames ao dia. Segundo ele, não há prazo para ativar completamente os laboratórios estaduais que compõem a rede capaz de fornecer os diagnósticos.