A debandada de passageiros, a queda no número de viagens e os riscos de se expor à contaminação pela COVID-19 têm feito com que empresas de mobilidade busquem estratégias para proteger motoristas e passageiros em tempos de pandemia. O aplicativo 99, por exemplo, iniciou nesta semana em Belo Horizonte a desinfecção de veículos dos motoristas parceiros. Enquanto isso, a empresa de viagens compartilhadas Zumphy adotou uma medida mais drástica: paralisou as atividades pagando aos motoristas 50% do valor das rotas programadas.
Diferentemente de aplicativos como a Uber e a 99, o serviço ofertado pela empresa não permite ao usuário deslocamentos esporádicos. Os passageiros fazem o cadastro mensal de deslocamentos rotineiros, como trabalho e faculdade, e o aplicativo envia todos os dias o mesmo motorista para buscá-lo e também a outras pessoas que estejam no trajeto. Com o avanço da pandemia e as recomendações de isolamento social, a empresa optou por cancelar as viagens agendadas, mas se comprometeu a pagar 50% do valor do serviço aos motoristas.
Atualmente, a Região Metropolitana de Belo Horizonte registra mais de 40 mil
motoristas de aplicativos cadastrados em diferentes plataformas. Moisés Rezende, de 48 anos, é um deles. Ele trabalha como motorista de aplicativo há cerca de um ano e meio e conta que já está recebendo a porcentagem da empresa. Moisés afirma que a iniciativa trouxe mais estabilidade para sua família em meio à crise.
“Com essa pandemia está tudo parado. Os aplicativos tradicionais não têm mais tantas corridas, e receber os 50% dos valores da rota tem ajudado muito. Nós, que somos autônomos, precisamos desse suporte, tanto para ajudar com as despesas em casa quanto para termos mais segurança, porque nós, que trabalhamos com corridas, temos contato com muitas pessoas diariamente".
André Andrade, CEO do Zumpy, explica que os pagamentos estão sendo feitos semanalmente aos motoristas. Para ele, o momento agora deve ser de união e responsabilidade social, o que motivou a interrupção do serviço e o apoio aos colaboradores. “Eu acho que em momentos de crise as pessoas têm de ser solidárias umas com as outras. Os motoristas são o coração da nossa empresa, e seria muito injusto em um momento de crise, quando eles perderam o seu ganha pão de uma hora para outra, largá-los à própria sorte. Nós estamos fazendo um esforço para ajudá-los porque, em um futuro breve, vamos precisar deles novamente”, afirma.