Dois ônibus foram bloqueados ao tentar entrar em Belo Horizonte nesta terça-feira (14), pela Guarda Municipal, em cumprimento do decreto que visa combater o contágio do coronavírus na capital mineira. Os coletivos saíram de Capim Branco, na Grande BH, e de Nova Serrana, no Centro-Oeste do estado. Um dos bloqueios fez com que duas mulheres passassem mal.
Por volta de meio-dia, agentes da Guarda Municipal interceptaram um ônibus da empresa Alcino Cotta, que saiu de Capim Branco, na Avenida Cristiano Machado, próximo ao Terminal Vilarinho, na Região Norte de BH. Funcionários do coletivo foram orientados de que não poderiam seguir até a Rodoviária. Oito passageiros estavam no coletivo. Duas mulheres, sendo uma de 70 anos e outra de 38, tiveram uma crise nervosa durante a abordagem ao veículo e foram socorridas para o Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova.
A Alcino Cotta acionou o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros Metropolitano (Sintram), que enviou um representante ao local. O ônibus foi escoltado pela Guarda Municipal até a MG-10 e depois parou no posto da Polícia Militar Rodoviária, onde o gerente de operações do sindicato, Marcos Negraes, fez um boletim de ocorrência relatando o fato. De acordo com Negraes, o Sintram já está em contato com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade para tratar da questão dos ônibus barrados.
“O presidente do sindicato, Rubens Lessa, está em contato com o secretário de Infraestrutura e Transporte para ver a possibilidade de adotar medidas que não coloquem em risco a saúde dos usuários do transporte e os colaboradores, que eles já estão se arriscando para transportar milhares de pessoas”, afirmou.
Marcos não descartou a possibilidade de a entidade mover ações jurídicas para tentar contornar a situação. O gerente de operações também ressaltou a preocupação com a possibilidade de muitos passageiros poderem partir para o transporte clandestino se os coletivos legalizados forem impedidos de rodar.
“Vamos verificar se é o caso de tomarmos alguma medida jurídica, ou simplesmente parar os ônibus e esperar. Porém, milhares de passageiros irão sofrer com isso. São pessoas que trabalham e que precisam fazer milhares de coisas na capital, às vezes moram nas cidades e estão impedidas de ir pelo transporte público, se arriscando muitas das vezes em um transporte clandestino”, disse.
Na semana passada, foi publicado o decreto assinado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) que determina a proibição da circulação no município de Belo Horizonte de transporte público coletivo oriundo de municípios que interromperem as medidas de isolamento social.
Na semana passada, foi publicado o decreto assinado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) que determina a proibição da circulação no município de Belo Horizonte de transporte público coletivo oriundo de municípios que interromperem as medidas de isolamento social.
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte confirmou que o veículo retornou a Capim Branco com os ocupantes, exceto as mulheres que precisaram de atendimento no Risoleta Neves.
Já a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade disse que “os municípios têm autonomia para adotar as medidas que julgarem adequadas”. O órgão também informou que os concessionários do transporte intermunicipal e metropolitano estão autorizados a limitar ou suspender viagens para destinos que houvesse algum impedimento ao trânsito dos veículos por causa do coronavírus.
Ônibus de Nova Serrana também é barrado
Horas depois de a Guarda Municipal interceptar o coletivo na Cristiano Machado, os agentes barraram um outro ônibus, desta vez, na Via Expressa, na altura do Bairro Santa Maria, na Região Oeste de BH. O veículo, da empresa Santa Maria Transporte Coletivo, tinha saído de Nova Serrana.
Após ser bloqueado, o ônibus foi escoltado por viaturas até a saída da capital.