Diante da preocupação com a pandemia do novo coronavírus, duas alunas do curso de Engenharia Biomédica e dois professores do Inatel, em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais, desenvolveram um equipamento que é capaz de esterilizar ambientes hospitalares. A criação tem como objetivo diminuir os impactos da doença especialmente entre os profissionais de saúde, mais suscetíveis à infecção pelo contato direto com pacientes contaminados. Hospitais como o Risoleta Neves, em Belo Horizonte, por exemplo, teve 50 trabalhadores infectados.
A solução encontrada em Santa Rita do Sapucaí utiliza uma radiação ultravioleta que extermina vírus e bactérias e é uma alternativa ao uso de álcool gel nesses ambientes. Com a aparência de um rodo articulado, a solução foi desenvolvida em menos de uma semana, se considerado o tempo de pesquisa, levantamento de informações e construção da amostra.
O custo aproximado da solução é de R$ 100. Após a fase de teste, o Inatel pretende produzir unidades do equipamento para os hospitais de Minas Gerais.
De acordo com o professor Filipe Bueno, que coordena o estudo juntamente com o professor Francisco Carvalho Costa e duas alunas de engenharia biomédica do Inatel, as definições de funcionamento do protótipo ainda estão sendo estudadas, porque dependem do resultado da manifestação das bactérias para saber o tempo exato de exposição à radiação.
“Nós trabalhamos com quatro parâmetros: o tamanho, a distância, a intensidade e o tempo de exposição da radiação para a esterilização”, explica o professor.
O grupo conta com cerca de 50 voluntários envolvidos em ações de tecnologia e saúde no enfrentamento da pandemia de COVID-19.
São Paulo
A Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Enebras, empresa especializada em soluções de ar-condicionado para a área da saúde, ambos de São Paulo, também produziram um sistema que auxilia na prevenção e no controle da propagação da COVID-19 no mesmo ambiente. O projeto tem o apoio na produção industrial da Embraer, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo.
O sistema, chamado ATMUS, promove uma pressão negativa. Por meio de exaustão, a pressão do ar dentro de um quarto é controlada para que fique abaixo daquela dos demais ambientes hospitalares. Dessa forma, o ar contaminado, depois de passar por um filtro de alto desempenho e por lâmpadas germicidas do tipo UVC, é expelido para o ambiente externo e sem contaminantes.
Ainda de acordo com a explicação do funcionamento do experimento, o ar de menor pressão dos demais ambientes entra no quarto e não deixa o ar do quarto se espalhar para os cômodos seguintes. Esse procedimento reduz a possibilidade de contágio dos profissionais de saúde que mantêm contato com o paciente.
De acordo com o engenheiro da Enebras Fábio José, a vantagem do ATMUS é o fato de ser portátil, o que facilita a mobilidade dentro de um hospital e propicia o uso da pressão negativa em diferentes locais. Ele já está em utilização no Einstein.
"É uma alternativa rápida para criar áreas de isolamento provisório, sem grandes obras e acessível a todos os hospitais, incluindo os públicos e de campanha. Nosso objetivo agora é aprimorar o sistema para reduzir o custo e o prazo de fabricação, visando que seja montado facilmente por outras empresas no Brasil utilizando materiais de mercado", afirma o engenheiro.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Eduardo Murta