Uma investigação da Polícia Civil de Minas Gerais que começou há pelo menos um ano levou ao indiciamento de nove pessoas por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, e a quatro prisões. O caso motivou a Operação Slow em fevereiro. Segundo a instituição, os investigadores conseguiram desarticular uma associação criminosa que usava o sistema financeiro do país para lavar dinheiro do tráfico. As apurações levaram ao sequestro de bens avaliados em R$ 1 milhão. O resultado foi apresentado nesta quinta-feira.
A investigação começou com o monitoramento de dois suspeitos de 30 e 31 anos, que moram no Aglomerado da Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Os nomes deles não foram divulgados. Segundo a Polícia Civil, a dupla movimentava a venda de drogas na comunidade conhecida como Gogó da Ema, na Região Leste de Belo Horizonte.
Em entrevista coletiva nesta manhã, o delegado Thiago Machado, do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp), explicou que foi constatada a utilização do sistema financeiro nacional para circulação do dinheiro do tráfico. “Em um período de análise de 2015 a 2018, foi movimentado em contas bancárias cerca de R$ 8 milhões tanto de crédito quanto a débito. Esse valor era de entrada e saída de dinheiro. Foram identificadas pessoas da Serra e do Gogó da Ema que faziam depósitos de quantias mais baixas justamente para não chamar a atenção do registro do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). A partir daí a movimentação era redirecionada”, contou.
A polícia apurou que o suspeito de 31 anos e a esposa dele, da mesma idade, criaram uma empresa que, inicialmente, atuava no ramo de vestuário com sede no Bairro Sion, Região Centro-Sul de BH, mas depois mudou de área de atuação para transporte. Com a alteração, eles passaram a comprar caminhões para, segundo a Polícia Civil, tentar passar legalidade nos negócios. Com o dinheiro, eles faziam viagens luxuosas e festas.
Em julho do ano passado, o suspeito de 30 anos foi preso em Curvelo, na Região Central de Minas, onde estava escondido por causa de um mandado de prisão por homicídio contra ele. Na época, ele chegou a apresentar um documento falso e foi autuado em flagrante. O mais velho também estava foragido por participação no mesmo crime, mas acabou absolvido ainda em 2019. Posteriormente, o mais novo foi liberado pela Justiça de Curvelo.
Diante do resultado das investigações sobre tráfico e lavagem de dinheiro, a Justiça decretou a prisão temporária de seis investigados, sequestro de bens e expedição de mandados de busca e apreensão. Ao todo, foram nove mandados deste tipo.
A Polícia Civil detalha que o homem de 31 anos foi preso na Bahia na direção de uma das carretas dele. A esposa dele foi detida no Bairro Concórdia, Região Nordeste de Belo Horizonte. O suspeito de 30 foi encontrado no Barreiro, em Belo Horizonte. O quarto preso tem 45 anos e foi localizado em Itaúna, no Centro-Oeste do estado. Outros dois homens, de 25 e 30 anos, estão foragidos
Foram sequestrados judicialmente oito veículos - cinco carros e três carretas - e valores na conta bancária dos envolvidos. O delegado Thiago machado explicou que a modalidade de investigação usada pela equipe visa não somente responsabilizar os envolvidos, mas também alcançar o patrimônio deles. “É de conhecimento de todos que mesmo presos, traficantes, sequestradores, integrantes de organizações criminosas continuam comandando o crime de dentro das unidades prisionais, se valendo da entrada de celulares, e para que mantenham essa estrutura é necessário recurso financeiro. Então a partir daí a gente estabeleceu no Deoesp esse tipo de investigação visando alcançar esse objetivo”, informou.