No primeiro dia do uso obrigatório de máscaras de proteção contra o coronavírus na cidade de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a adesão da população pelas ruas é apenas parcial, porém com mais pessoas usando o equipamento do que os que ignoraram o decreto 10.008/2020, editado pela prefeitura municipal. Como também estabeleceu a determinação, que vedou a utilização de áreas públicas de uso comum na cidade, a Praça Bernardino de Lima, na região central, estava vazia e fechada com uma fita.
No ponto de ônibus próximo dali, um grupo de amigas esperava pelo coletivo sem usar a proteção. Grávida de seis meses, Ana Carolina Gonzaga, de 18 anos, estava com a máscara abaixada, sem cobrir o nariz e a boca. "Eu tirei porque estava me sufocando", explicou. Foi a mesma alegação da zeladora Beatriz Cristina Santos Rocha, 45 anos, que estava com o equipamento guardado na bolsa. "Quando o ônibus chegar, eu coloco, mas tiro assim que eu descer", relata.
No mesmo local, devidamente mascarado, o técnico em segurança do trabalho aposentado Elisson José dos Santos, 69 anos, comentou que falta divulgação da forma correta de usar o equipamento, além de fiscalização. "Um morador de rua dificilmente vai ter noção de como usar e nem dinheiro para comprar", opina. Rodamos por uma hora em vários bairros de Nova Lima e não identificamos qualquer fiscalização.
Em nota, a Prefeitura de Nova Lima informou que a fiscalização do uso de máscara na cidade, bem como das demais disposições publicadas no decreto 10.008/2020, é exercida pela Vigilância Sanitária, Divisão de Fiscalização de Atividades Urbanas (Dfau), Fiscalização de Meio Ambiente, Procon Municipal, Guarda Civil Municipal e demais órgãos detentores de poder de polícia, com o apoio das autoridades estaduais.
Já os estabelecimentos comerciais, de forma geral, cumprem à risca as determinações do decreto. Em um supermercado no bairro Retiro, Lorena Cristina da Silva Cardeal, 29 anos, controla a entrada e higieniza as mãos dos clientes com álcool. "Começamos ontem, sem máscara não pode entrar", conta a funcionária, que em uma hora precisou barrar a entrada de três clientes sem máscara, que voltaram para casa aborrecidos. Ao adentrar o supermercado de máscara, a professora Regina Célia Araújo, 57 anos, garantiu que era a primeira vez que saia de casa em um mês. "Tenho feito as compras online", conta.
Uma farmácia no mesmo bairro não tinha máscaras disponíveis para a venda. De acordo com a farmacêutica Lívia Soares, 36 anos, o produto está em falta há dois meses. "Alguns fornecedores até têm, mas precisa comprar em grande quantidade e a um preço muito alto. Fica impraticável", explica. Como a procura é alta e o momento exige proteção, Lívia autorizou que uma funcionária divulgasse para os clientes da drogaria as máscaras de tecido que está produzindo, vendidas diretamente por R$ 5. A farmacêutica conta que também manteve o preço do álcool gel anterior ao da pandemia, reduzindo sua margem de lucro.
Em outra drogaria da cidade, pertencente a uma grande rede, também só havia máscaras de tecido, vendidas por R$ 16,90. O preço assustou o aposentado Wellington Rocha Ferreira, 43 anos, que desistiu de comprar. "Estou precisando de máscara só para entrar no banco. Eu sou crente, não acredito que essa doença vai pegar em mim", afirmou. A gerente da mesma drogaria disse que faltam máscaras cirúrgicas há mais de um mês. "Antes, quando só podia ter seis clientes dentro da loja, estava dando fila. Agora, como a loja é bem grande, pode entrar 80 e não tem mais fila", explica. Dentro da drogaria, as filas para o balcão de atendimento, caixa eletrônico e caixa estavam demarcadas a cada dois metros.
Em uma agência do banco Itaú, um funcionário estava disponível para organizar a fila, incumbência sob responsabilidade dos estabelecimentos comerciais, além de pretar informações ao público. Havia duas filas formadas, uma para os caixas eletrônicos, esta com marcação a cada dois metros no chão, e outra para adentrar a agência, sem qualquer demarcação. A gerente da agência, Aline Oliveira, 36 anos, conta que tem sido difícil organizar os clientes. "No caixa eletrônico entram quatro clientes de cada vez, e, mesmo com terminais sobrando, eles ficam um do lado do outro. Aqui na fila nem sempre eles respeitam a orientação de dar distância e é complicado eu vir aqui toda hora. Também me sinto muito exposta fazendo isso", explica.
Na fila do banco, o pedreiro Michel Willian, 28 anos, garante que não recebeu qualquer informação sobre espaçamento. "Eu estou de máscara e tentando ficar afastado dos outros, mas tá difícil", disse Michel, que na caminhada até o banco observou que a maioria das pessoas estava de máscara.
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Em nota, a Prefeitura de Nova Lima informou que a fiscalização do uso de máscara na cidade, bem como das demais disposições publicadas no decreto 10.008/2020, é exercida pela Vigilância Sanitária, Divisão de Fiscalização de Atividades Urbanas (Dfau), Fiscalização de Meio Ambiente, Procon Municipal, Guarda Civil Municipal e demais órgãos detentores de poder de polícia, com o apoio das autoridades estaduais.
Já os estabelecimentos comerciais, de forma geral, cumprem à risca as determinações do decreto. Em um supermercado no bairro Retiro, Lorena Cristina da Silva Cardeal, 29 anos, controla a entrada e higieniza as mãos dos clientes com álcool. "Começamos ontem, sem máscara não pode entrar", conta a funcionária, que em uma hora precisou barrar a entrada de três clientes sem máscara, que voltaram para casa aborrecidos. Ao adentrar o supermercado de máscara, a professora Regina Célia Araújo, 57 anos, garantiu que era a primeira vez que saia de casa em um mês. "Tenho feito as compras online", conta.
Uma farmácia no mesmo bairro não tinha máscaras disponíveis para a venda. De acordo com a farmacêutica Lívia Soares, 36 anos, o produto está em falta há dois meses. "Alguns fornecedores até têm, mas precisa comprar em grande quantidade e a um preço muito alto. Fica impraticável", explica. Como a procura é alta e o momento exige proteção, Lívia autorizou que uma funcionária divulgasse para os clientes da drogaria as máscaras de tecido que está produzindo, vendidas diretamente por R$ 5. A farmacêutica conta que também manteve o preço do álcool gel anterior ao da pandemia, reduzindo sua margem de lucro.
Em outra drogaria da cidade, pertencente a uma grande rede, também só havia máscaras de tecido, vendidas por R$ 16,90. O preço assustou o aposentado Wellington Rocha Ferreira, 43 anos, que desistiu de comprar. "Estou precisando de máscara só para entrar no banco. Eu sou crente, não acredito que essa doença vai pegar em mim", afirmou. A gerente da mesma drogaria disse que faltam máscaras cirúrgicas há mais de um mês. "Antes, quando só podia ter seis clientes dentro da loja, estava dando fila. Agora, como a loja é bem grande, pode entrar 80 e não tem mais fila", explica. Dentro da drogaria, as filas para o balcão de atendimento, caixa eletrônico e caixa estavam demarcadas a cada dois metros.
Em uma agência do banco Itaú, um funcionário estava disponível para organizar a fila, incumbência sob responsabilidade dos estabelecimentos comerciais, além de pretar informações ao público. Havia duas filas formadas, uma para os caixas eletrônicos, esta com marcação a cada dois metros no chão, e outra para adentrar a agência, sem qualquer demarcação. A gerente da agência, Aline Oliveira, 36 anos, conta que tem sido difícil organizar os clientes. "No caixa eletrônico entram quatro clientes de cada vez, e, mesmo com terminais sobrando, eles ficam um do lado do outro. Aqui na fila nem sempre eles respeitam a orientação de dar distância e é complicado eu vir aqui toda hora. Também me sinto muito exposta fazendo isso", explica.
Na fila do banco, o pedreiro Michel Willian, 28 anos, garante que não recebeu qualquer informação sobre espaçamento. "Eu estou de máscara e tentando ficar afastado dos outros, mas tá difícil", disse Michel, que na caminhada até o banco observou que a maioria das pessoas estava de máscara.