Jornal Estado de Minas

Uso obrigatório de máscaras começa a valer nesta quarta-feira em BH; infectologista aponta caminho

Segundo o infectologista Carlos Starling, "epidemia não se resolve no %u2018sprint%u2019, e sim como uma maratona. Tem que ir dosando seu esforço" (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Como adiantado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), em entrevista coletiva nesta semana, a população de Belo Horizonte deverá começar a usar máscaras nesta quarta-feira (22). O texto, a ser publicado no Diário Oficial do Município (DOM), vai conter detalhes técnicos sobre as medidas a serem adotadas pelas pessoas e pelas autoridades, em caso de orientações e penalidades.



Kalil disse que assinaria um decreto endurecendo ainda mais as regras de distanciamento e isolamento social em vigor na capital mineira. No entanto, os primeiros dias de exigência podem ser mais educativos e menos punitivos. Isso, porque também a população mais vulnerável ainda aguarda a distribuição de máscaras por parte da PBH.

“Faremos a entrega para os miseráveis, os invisíveis. Não somos obrigados a entregar pra população. O restante pode fazer com meia, camisa, fralda”, explicou.

De acordo com o infectologista e membro do comitê criado para enfrentamento da pandemia em Belo Horizonte, Carlos Starling, as medidas seguem critérios técnicos e científicos para serem implementadas gradativamente e, depois, serem retiradas para que a cidade garanta segurança em uma recuperação econômica.

“As máscaras vêm num contexto de uma série de medidas para, depois, se fazer uma flexibilização orientada. Não podemos ter uma desmobilização irresponsável”, pontua.


 
 
Starling ressalta que as decisões da prefeitura se mostraram acertadas até o momento. “Belo Horizonte está indo muito bem no isolamento social. Se olharmos os números, você vai perceber que o esforço da população está sendo compensado. Não podemos relaxar. O vírus está circulando e não chegamos no pico ainda. Precisamos de ter um achatamento dessa curva para que as medidas preventivas sigam sendo implementadas com conhecimento científico e as estratégias de flexibilização também”, complementa.

O infectologista também ressaltou que as regras não devem ser abrandadas num período próximo e pediu entendimento à população e empatia para proteger uns aos outros. “Epidemia não se resolve no ‘sprint’, e sim como uma maratona. Tem que ir dosando seu esforço. As medidas tem lógica e lastro técnico e vão sendo tomadas a conta gotas. A estratégia é um indivíduo proteger o outro. O objetivo é ter menos mortes. Tendo menos mortes, temos capacidade de reagir melhor economicamente”, ponderou

Na Grande BH, pelo menos 11 cidades tornaram obrigatório o uso do acessório em algum nível para ajudar a conter o coronavírus ou preparam medidas nesse sentido. Além da capital, Betim, Caeté, Confins, Contagem, Ibirité, Lagoa Santa, Matozinhos, Nova Lima, Pedro Leopoldo, São José da Lapa e Santa Luzia passaram a exigir o uso do equipamento de alguma forma.

Nesta semana, o Estado de Minas foi às ruas ouvir a população sobre o decreto. Para muitos, a medida é essencial para proteger a saúde. Outros apontam preços e escassez do acessório como entrave e cobram distribuição gratuita

Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou por unanimidade nesta quinta-feira à tarde o Projeto de Lei 1.661/20, que torna obrigatório o uso de máscaras cirúrgicas nos estabelecimentos comerciais do estado como proteção contra o coronavírus em todo o estado. A medida proposta terá validade enquanto durar a pandemia da doença.