Jornal Estado de Minas

Sem coleta seletiva, crescimento de lixo doméstico vira ameaça ecológica na quarentena

(foto: Maria Irenilda Pereira/EM/D.A Press)


Isolamento social, quarentena e home office. A regra, em tempos de combate à expansão da pandemia da COVID-19, é ficar em casa. O novo padrão social, porém, trouxe desafios de naturezas diversas, inclusive, ecológico. A produção de lixo doméstico cresceu, principalmente os recicláveis, devido ao aumento de pedidos de alimentos por aplicativo. E não é só a questão ambiental que preocupa, já tem faltado espaço físico para armazenar estes resíduos em condomínios.



Para o problema ecológico, a solução seria a coleta seletiva, porém, em muitas cidades brasileiras, inclusive Belo Horizonte, o serviço foi suspenso. Segundo a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) da capital, a interrupção da coleta seletiva faz parte de uma série de “providências urgentes” tomadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), para garantir “a proteção da saúde pública”. A orientação do órgão é que o descarte dos resíduos recicláveis seja feito junto com o lixo comum.

Desde 23 de março, os 120 contêineres para recolhimento de papel, metal, plástico e vidro, dispostos nas nove regionais da cidade estão fechados. O serviço de coleta porta a porta também foi suspenso. Antes da interrupção, o serviço de coleta seletiva atendia a 195 mil domicílios, de 36 bairros de BH.

Dados de antes da pandemia dão a dimensão do problema. Há menos de um mês, Belo Horizonte produzia por dia cerca de 2.800 toneladas de resíduos. Desse total, aproximadamente 35% eram recicláveis. Os recicláveis como papel, metal, plástico e vidro são doados para as cooperativas parceiras do município. Conforme a SLU, a medida é uma forma de evitar o manuseio dos resíduos durante a triagem do material reciclável nos galpões das cooperativas e associações.


Onde armazenar todo esse lixo?

Mesmo sem a coleta seletiva, Alexandre tem buscado formas de separar o lixo, pelo menos, dentro do condomínio (foto: Maria Irenilda Pereira/EM/D.A Press)


No condomínio onde Alexandre Ferreira de Araújo trabalha, no Bairro Castelo, Região da Pampulha, o aumento na produção de lixo tem esgotado a capacidade de armazenamento. “A coleta aqui é feita na terça, na quinta e no sábado. Temos 18 contêineres de 1 mil litros que eram suficientes para armazenar o lixo entre uma coleta e outra. Agora, a coleta é feita no sábado, e na segunda já não tenho mais lixeira vazia”, conta Alexandre, encarregado de zeladoria do condomínio Spazio Treviso.

Mesmo sem a coleta seletiva, ele tem buscado formas de separar o lixo, pelo menos, dentro do condomínio. “O vidro é o que mais preocupa na questão de segurança, tanto nossa como dos garis. Por isso, resolvi separar um contêiner só para colocar vidros. Depois, recolhemos com cuidado e levamos separados para a coleta do caminhão”, explicou o funcionário.



O que fazer com lixo que produzimos em casa, no momento, ainda é um problema sem solução. O que cada um pode fazer é optar por produtos que utilizem menos embalagem e dar preferência para empresas que tenham a prática.