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Estado de Minas COVID-19

Fim da gratuidade de idosos em ônibus de BH recebe críticas e elogios

Medida vale para os horários de pico e visa desencorajar o embarque de pessoas acima de 65 anos no transporte público em horários de maior movimentação, para proteger grupo de risco durante a pandemia


postado em 20/04/2020 12:38 / atualizado em 20/04/2020 17:16

Decreto restringem a circulação de idosos em ônibus nos horários de pico(foto: Edesio Costa/ EM/ D.A Press)
Decreto restringem a circulação de idosos em ônibus nos horários de pico (foto: Edesio Costa/ EM/ D.A Press)
Entrou em vigor na manhã desta segunda-feira (20), o decreto da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que suspende temporariamente a gratuidade para idosos com mais de 65 anos no transporte público nos horários de pico. A medida, que endurece as regras para evitar a proliferação do novo coronavírus, pegou muita gente de surpresa.

Foi o caso do porteiro aposentado Vicente Timoteo, de 74 anos, que só ficou sabendo do fim da gratuidade nesses horários específicos durante conversa com a reportagem. “Trabalhei 34 anos de carteira assinada, tenho o cartão gratuidade, não pago passagem mais não. Tenho 74 anos, não concordo com isso”, afirmou, indignado.

Segundo o Decreto n° 17.332, publicado no Diário Oficial do Município (DOM) na sexta-feira, idosos que precisam embarcar nos ônibus da capital entre 5h e 8h59 e das 16h às 19h59 terão que pagar passagem. Cartazes afixados em pontos da Estação São Gabriel alertavam quanto a nova norma. Mesmo assim, muita gente nem sequer estava sabendo da medida que tem por objetivo reduzir aglomerações e evitar que os idosos, mais vulneráveis às consequências da COVID-19, sejam expostos ao vírus durante as viagens. 

Quem concorda com a decisão argumenta que os horários estabelecidos não interferem no direito de ir e vir, já que a circulação continua livre em horários menos movimentados. É o caso do aposentado José Bartolomeu, de 87, que desde o começo das medidas de isolamento tem evitado ao máximo sair de casa. “Desde o comecinho eu estou ficando dentro de casa. Só saio quando é preciso mesmo, tem coisa que preciso fazer, pagar uma conta, receber o pagamento e para mim qualquer horário dá para ir sem problemas”, explica.

Quem discorda, no entanto, teme que em casos de urgência, a restrição acabe por impedir ou afetar a locomoção pela cidade, como alega José Evandro, 67. “Muitos idosos necessitam ir a um hospital ou resolver alguma coisa particular, e ele não pode ter um horário determinado dessa forma. Creio que o idoso tem que ter a sua liberdade porque ele não sabe a hora que vai ter a necessidade de sair”. 

Jarbas Tolentino, também de 67, conta que tem saído de casa para almoçar no restaurante popular todos os dias. Mesmo precisando se deslocar diariamente, concorda com a decisão e vê com bons olhos as medidas de restrição de circulação. “É rapidinho, vou lá só pegar o almoço e volto antes das 16h, então dá tempo de não pagar a passagem. Acho que em Minas o pico do coronavírus vai demorar a chegar, justamente por causa das medidas de isolamento. Ontem não teve morte, então eu acho que acaba sendo bom”.

Determinação também no metropolitano


O estado já havia publicado uma determinação semelhante no Diário Oficial de Minas Gerais de quarta-feira. A deliberação do Comitê Extraordinário COVID-19 nº 34 estabelece que quem tiver acima de 65 anos terá gratuidade no transporte coletivo metropolitano apenas das 9h às 16h e das 20h às 4h. A regra começou a valer nesse sábado (18).

*Estagiária sob supervisão do subeditor Kelen Cristina 


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