O novo coronavírus infectou mais de 39 mil pessoas no Brasil, matando mais de 2.500. Mas não são apenas os humanos afetados pela propagação da pandemia. Especialistas temem que um dos possíveis reflexos da doença na vida dos bichos de estimação seja o aumento do abandono de animais.
Casos como da tigresa do zoológico do Bronx, em Nova York, que testou positivo para o novo coronavírus acendem o alerta. “Acredito que as notícias sobre a tigresa e outros animais positivos podem causar pânico na população e aumentar o abandono. Muitas pessoas que recebem essa notícia não consideram que o que aconteceu foi que pessoas transmitiram o vírus para o animais e já vão logo tirando conclusões errôneas de que os animais vão transmitir o vírus para elas”, explica Camila Fonseca, professora de Saúde Pública Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Informe divulgado pela UFMG, com o objetivo de difundir considerações sobre a relação dos animais com a COVID-19, afirma que apesar de a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) ter notificado o caso da tigresa — que ganhou notoriedade mundo afora — como um surto, “o potencial zoonótico, ou seja, da transmissão entre homens e animais, é desconhecido” afirma o texto.
O informativo também destaca que um estudo, publicado na revista Science, apresentou informações que demonstram que gatos e furões têm susceptibilidade para desenvolver a doença, mas não há existência de transmissão de gatos para humanos. “Abandonar ou matar animais causa sofrimento a eles, alimenta um ciclo de pânico infundado, é cruel, ilegal, antiético e, ainda, não resolve em nada a pandemia”, conclui a nota assinada por professores da escola de veterinária da universidade.
Outro importante órgão citado no informativo, a Associação Médica Veterinária Americana (AVMA) afirma que há pouca evidência de que gatos podem ser infectados por seus tutores, mas que, se possível, deve-se mantê-los sem acesso à rua, já que além de adoecer, os animais podem carregar em suas patas e pelos o vírus de um local para o outro.
Água e sabão
Para Camila, o momento é de estender os cuidados aos amiguinhos de quatro patas: “Sobre os passeios, é importante que o animal não seja levado a lugares com aglomeração de pessoas ou muito sujos. É importante também dizer que as patas do animal devem ser limpas com água e sabão, não é recomendado utilizar álcool em gel ou líquido para desinfetar as patas dos animais, pois ele as lambe e essa substância, se ingerida, é muito prejudicial”.
A professora também alerta que é importante evitar que os animais de estimação tenham contato com pessoas positivas ou suspeitas da COVID-19. “Se houver algum paciente infectado em casa, é importante que outras pessoas ajudem a alimentar e brincar com os animais de estimação. Quando não existir a possibilidade de outra pessoa fazer isso, deve-se utilizar os equipamentos de proteção individual como máscara e luvas ao lidar com o animal".
*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina