As entidades de classe do comércio, da indústria e de serviços de Montes Claros, no Norte de Minas, encaminharam uma carta conjunta à prefeitura local, solicitando a abertura dos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços não essenciais da cidade. Por causa do isolamento social contra a propagação do coronavirus (COVID-19), o comércio não essencial do município está fechado desde o dia 23 de março.
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A carta conjunta das entidades foi apresentada em reunião com os vereadores, na Câmara Municipal, na manhã esta quarta-feira, sendo encaminhada ainda ao Ministério Público Estadual (MPMG). Também nesta quarta, um grupo de comerciantes fez um protesto na Praça Doutor Carlos, no Centro da cidade, cobrando flexibilização das medidas. No entanto, até o final da tarde, o Executivo Municipal não havia dado resposta a respeito da reivindicação.
O documento apresentado na Câmara de Vereadores foi assinado pelos dirigentes da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Montes Claros e Federação das Indústrias de Minas Gerais – FIEMG/Regional Norte, entre outras entidades.
Os representantes do comércio, da indústria e dos prestadores de serviços propuseram “a liberação parcial do isolamento social permitindo a volta ao trabalho de todos que estão fora dos grupos de riscos assim definido pelos decretos municipais, e outras medidas de caráter tributário indispensáveis à sobrevivência da economia local”. Eles solicitaram a prorrogação dos vencimentos dos tributos municipais e um sistema de parcelamento (Refis) das dívidas de impostos com a prefeitura.
Também apresentaram a proposta de formação de uma comissão paritária, com representantes das áreas de saúde, desenvolvimento econômico, procuradoria jurídica e finanças da prefeitura e representantes das entidades de classe e Câmara de Vereadores, “para auxiliar no plano de retomada das atividades econômicas, com responsabilidade social, levando em conta sua adequação com as medidas necessárias de proteção à saúde da população”.
No protesto realizado na Praça Doutor Carlos, os comerciantes exibiram cartazes, com queixas sobre as consequências enfrentadas em decorrência do fechamento de suas lojas, principalmente com relação ao acúmulo de dívidas e ao risco de desemprego. Os manifestantes ficaram afastados um dos outros por uma distância mínima, para evitar os riscos de contaminação do coronavírus.
Dono de uma loja de confecções no Centro de Montes Claros, José Aurélio Souza Rocha foi um dos participantes do protesto. Segundo ele, o clima entre os comerciantes é de desespero com o fechamento dos seus estabelecimentos. “Se a situação não for resolvida logo, creio que vai haver muita falência e muito desemprego. Muitos lojistas estão desesperados”, afirmou Rocha.
Ele disse que, além dos salários dos funcionários, dívidas das compras de mercadorias, contas de luz e água e obrigações sociais, uma das grandes dificuldades dos comerciantes é o custo fixo dos aluguéis, já que não estão tendo receitas. Por isso, estão tentando um acordo com as imobiliárias para negociar descontos ou prorrogação do pagamento. “No meu caso, por exemplo, o aluguel é de R$ 10 mil mensais. Em dois meses, a despesa passa para R$ 20 mil”, declarou.
O comerciante disse que sua situação não está pior porque produzia e vendia confecções e recorreu à alternativa de comercializar máscaras, conseguindo autorização da prefeitura para produzir as peças usadas na prevenção contra a COVID-19. Rocha informou que produz as máscaras em parceria com um grupo de costureiras. Revelou ainda que somente uma parte da produção é destinada à comercialização, fazendo doações de outra a entidades filantrópicas.
O pequeno empresário afirmou que, mesmo com a “alternativa” da fabricação de máscaras, está enfrentando muitas dificuldades com o fechamento do comércio. Ele disse que seu empreendimento garante os postos de trabalho para chefes de 10 famílias e seu maior receio é que seja obrigado a fazer demissões.