Jornal Estado de Minas

COVID-19

Mineiros vivem expectativa de voltar ao Brasil após pesadelo no exterior

Irmãos Isac e Isaura comemoram volta ao Brasil comendo feijão (foto: Arquivo pessoal)
 
“Apareceu a luz no fim do túnel”. Assim o casal Eduardo Pereira de Almeida, de 55 anos, engenheiro, e a mulher, Simone Faleiros de Melo, de 44, advogada, vê como chance de retono ao Brasil. O voo, em princípio marcado para terça-feira (21), foi adiado para sexta-feira (24). Ele sairá de Maputo, em Moçambique, e passará em Luanda, Angola.


 
 
O casal estava em férias na África onde pretendia conhecer os parques da Namíbia e Botsuana, com seus animais exóticos. Eles acabaram retidos por causa do coronavírus na Namíbia, próximo da fronteira com Botsuana, quando tiveram de retornar à capital daquele país, Windhoek, devido ao fechamento das fronteiras de todos os países africanos.

Para retornar ao Brasil eles precisam de um salvo conduto para entrar em Angola, o que não seria obtido em tempo hábil, segundo Eduardo, mas surgiu a possibilidade de um voo de Windhoek para Luanda para a retirada de brasileiros, além do casal e de funcionários da embaixada. A informação não é oficial, via embaixada do Brasil na Namíbia, mas de um grupo de WhatApp de brasileiros que estão na região.

“Fico surpreso e, ao mesmo tempo, satisfeito, pois temos agora a expectativa para que possamos voltar ao Brasil”, diz Eduardo, que aguarda com ansiedade a confirmação por parte da embaixada brasileira.

Feijão, feijão
 
Embora a residência ainda esteja longe, no Quilombo da Suaçuí, no limite das cidades mineiras de Coluna e Paulistas, no Vale do Rio Doce, os irmãos Isac e Isaura dos Santos Lopes, de 27 e 20 anos, respectivamente, já começam a sentir o gostinho de casa. Depois de dois meses, já no Brasil, puderam voltar a comer feijão.



Os irmãos estavam em Córdoba, na Argentina, estudando espanhol, na Cepe Idiomas. Como o espaço aéreo argentino está fechado e a circulação de pessoas, em especial de estrangeiros, proibida, eles só conseguiram retornar ao Brasil depois de dois meses fora, com ajuda do consulado brasileiro, que bancou passagens de ônibus, até Uruguaiana. De lá, eles foram para Porto Alegre, de táxi.
 
 
E foi chegando à capital gaúcha que conseguiram matar um desejo: comer feijão. “Nossa, como é bom. Aqui na pousada deixaram que a gente cozinhasse e fizesse o feijão como o lá de casa. É bom demais. Mas se tudo der certo, amanhã (nesta quinta-feira, 23), estaremos comendo feijão feito em casa, no Quilombo”, diz Isac.
 
Eles jantaram feijão na terça-feira e almoçaram e jantaram o prato hoje. Nesta quinta-feira, os irmãos iniciam a última etapa da viagem de retorno para casa. Sairão de avião, de Porto Alegre, para São Paulo, às 6h45. Na capital paulista pegam um avião para Belo Horizonte e depois irão para Coluna de ônibus.



Esperança também no Chile

A notícia que circulou ontem, de que a Argentina deverá reabrir suas fronteiras e o espaço aéreo a partir de sexta-feira (26), é animadora e deu esperança ao casal André de Rezende Jardim, de 42 anos, e Júlia Cristina Magalhães Prates, de 36, que está no Norte do país. Assim, eles mantêm os planos de retornar a Belo Horizonte de carro, que foi montado por eles quando a ideia era viajar até o Alasca.
 
“Esse é o nosso plano. Por isso estamos retornando para Santiago. Saindo de La Serena”, diz André, que conta que há um plano B. “Se não der certo isso, se a abertura não se confirmar, partiremos para o nosso plano B, que consiste em esperar até o dia 1º de maio, renovarmos a licença do carro, que ficará aqui, na casa de um casal amigo nosso, retornando de avião para o Brasil. Temos passagens compradas para o dia 2”.

A dupla possibilidade fez André e Júlia sorrirem. "Antes, não tínhamos nenhuma perspectiva, pois não sabíamos nem mesmo se poderíamos renovar a licença de permanência do carro. Mas tudo está mudando e esperamos iniciar na sexta-feira, dia 26, a viagem de volta”, diz André.