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Estado de Minas CORONAVÍRUS

Número de mortes por COVID-19 em Minas apresenta defasagem de até uma semana

Demora para identificar causa de óbitos faz com que boletins do governo se refiram, em média, a quatro dias e meio antes da data da divulgação


postado em 22/04/2020 20:17 / atualizado em 22/04/2020 20:41

Uso de máscaras como proteção contra coronavírus em Belo Horizonte(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Uso de máscaras como proteção contra coronavírus em Belo Horizonte (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Em 30 de março, morreu a sétima pessoa em decorrência do novo coronavírus em Minas Gerais. Porém, por conta da demora nas investigações, o número oficial de mortes só atingiu esse patamar no boletim diário da Secretaria de Estado de Saúde (SES) uma semana depois, em 6 de abril.

Naquela data, o boletim epidemiológico divulgado diariamente pelo governo apontava que nove pessoas haviam morrido em decorrência da doença no estado. O número real de mortes, porém, era duas vezes maior: 18.

Os casos, identificados em análise do Estado de Minas com base em dados da própria SES, são extremos, mas dão uma amostra da defasagem das informações sobre a COVID-19. Números divulgados oficialmente numa data se referem, na verdade, a ocorrências registradas dias antes.

Em média, a demora para a confirmação de uma morte por COVID-19 no estado é de quatro dias e meio. Na análise, foram levadas em consideração dados até 19 de abril, último dia disponível na plataforma online do governo sobre o coronavírus.

Se o boletim desta quarta-feira aponta 47 mortes por coronavírus em Minas Gerais, os números reais atualizados tendem a ser maiores. Afinal, 78 óbitos estão em investigação.

Em geral, essa diferença se deve justamente ao prazo para se a COVID-19 foi ou não causa de determinada morte. As unidades de saúde são orientadas a notificar óbitos, casos suspeitos e confirmações da doença no mesmo dia em que recebem os pacientes.

No gráfico abaixo, é possível identificar a diferença entre o número de mortes divulgada no boletim diário oficial da SES e a quantidade atualizada de óbitos, que se aproxima mais da realidade. 


Caso 1


O caso número um de contaminação pelo vírus em Minas Gerais foi divulgado pela SES em 8 de março e computado no boletim epidemiológico da manhã seguinte. Os dados atualizados, porém, mostram que o primeiro paciente com COVID-19 no estado se consultou na unidade de saúde no dia 4 daquele mês.

A diferença de quatro dias para confirmar o primeiro caso é outro indicativo da desatualização dos dados estaduais e da demora para obter resultados dos testes para a doença.

Porém, esse é um caso extremo. Em geral, a defasagem sobre a quantidade de casos confirmados em Minas Gerais é pequena e costuma ser de um dia, período bem menor que o necessário para investigar mortes.

Baixo índice de testagem preocupa


Em 19 de abril - último dia com dados disponíveis -, Minas Gerais tinha 76 casos confirmados a mais da doença do que o número divulgado naquela data no boletim do governo estadual. Veja no gráfico:


Apesar dessa diferença, o que mais preocupa, na verdade, é o baixo índice de testagem da população. A orientação é que apenas pessoas com sintomas mais graves da doença sejam testadas.

Segundo dados da SES, apenas 7% dos casos suspeitos no estado tiveram diagnóstico. Até esta quarta-feira, 77.744 pessoas apresentaram sintomas, mas ainda não sabiam se contraíram ou não o novo coronavírus.

De acordo com as autoridades sanitárias, testar em massa a população é um dos métodos mais eficazes para controlar a pandemia, já que facilitaria o isolamento dos infectados. O governador Romeu Zema (Novo) disse que esse cenário ideal, porém, não é possível.

“Na teoria, sim. Na prática, não. O teste que realmente é efetivo estaria quase fora do alcance, pois custaria R$ 90 ou mais. Para o estado comprar milhões desse teste, nós que não estamos conseguindo pagar o funcionalismo em dia, seria totalmente inviável”, disse, em entrevista ao EM na última semana.


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