O Grupo Mulheres Guerreiras do HAC, Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais (ASTHEMG e SINDPROS) e outros funcionários do Hospital Alberto Cavalcanti realizaram uma homenagem nesta quarta-feira (23), na entrada do hospital, lembrando da profissional de saúde Maria Aparecida Andrade, tecnica de enfermagem do CTI do hospital, que morreu vítima do coronavírus.
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Mortos por coronavírus em Minas sobem para 51; infectados somam 1308Minas tem um terço das divisões administrativas sem leitos de UTIEm BH, leitos de UTI reservados à COVID-19 são menos ocupados que os voltados a outras doençasCrise do coronavírus atinge famílias de circo e Dedé Santana faz apelo solidárioA técnica em enfermagem Jussara Duarte, que trabalha na CTI do HAC, mesmo setor de Maria Aparecida, relata desde quando a colega de trabalho foi diagnosticada com a COVID-19, e posteriormente, depois de seu falecimento, os funcionários do hospital têm pedido desesperadamente os testes para a Fhemig, pois existe o risco de estarem contaminados e assintomáticos, e transmitirem o vírus para outros funcionários, pacientes e para suas familias ao chegarem em casa.
"Eu não volto mais pra casa, por que quando eu chego lá vejo meu filho mais novo e vejo meus pais mais velhos, que são do grupo de risco, e tenho muito medo de colocá-los em risco" relata Jussara, que diz estar procurando outro lugar para ficar devido a sua incerteza causada pela falta de EPI's e testes.
Outra profissional da saúde, Carmisina Marta de Oliveira, conta que na unidade do hospital não era encontrado a máscara cirúrgica (ítem essencial na prevenção do coronavírus, principalmente aos medicos e enfermeiros) e teve que trazer sua própria de casa, além do uniforme, que, conforme relato deles, estão sendo lavados em casa.
O Grupo também abordou a pauta sobre a dispensa dos funcionários que possuem comorbidades que as colocam no grupo de risco. Por isso, precisam receber a licença. Sonia Alves da Silva denunciou à imprensa que pessoas com mais de 60 anos e pessoas com diabetes continuam trabalhando no hospital, e mesmo afastados do CTI, ainda correm risco de contágio.
"Me sinto desrespeitada demais, principalmente pelo documento que a Fhemig enviou me informando que eu estava sim apta a trabalhar, mesmo após eu enviar o laudo médico informando que eu não poderia ter contato direto com pacientes e, se possível, deveria ser afastada do hospital", declarou Sonia. Ela sofre de cardiopatia e ainda assim não teve sua licença aprovada, e seguiu trabalhando e permanecendo em risco no hospital.
O protesto terminou com todos os participantes balançando balões brancos, prestando homenagem a Mari Aparecida e cantando: "A Cida não vai passsar, por que está dentro do meu coração", enquanto balançavam a faixa com os dizeres "existem pessoas que são eternas dentro da gente, e você, Cida, será sempre lembrada por todos nós do HAC." *Estágiario sob supervisão do subeditor Daniel Seabra
A Fhemig informou em nota lamentar “com pesar o falecimento da servidora Maria Aparecida Andrade (que também atuava na UPA Ressaca). Ela apresentou os primeiros sintomas no dia 5 de abril e foi imediatamente afastada das atividades no Hospital Alberto Cavalcanti, orientada a permanecer em quarentena e a buscar atendimento médico”. Ainda segundo a Fhemig, os servidores que apresentam sintomas são afastados e encaminhados para exame no hospital de referência, nesses casos, o Eduardo de Menezes.
Fhemig nega acusações
A Fhemig informou em nota lamentar “com pesar o falecimento da servidora Maria Aparecida Andrade (que também atuava na UPA Ressaca). Ela apresentou os primeiros sintomas no dia 5 de abril e foi imediatamente afastada das atividades no Hospital Alberto Cavalcanti, orientada a permanecer em quarentena e a buscar atendimento médico”. Ainda segundo a Fhemig, os servidores que apresentam sintomas são afastados e encaminhados para exame no hospital de referência, nesses casos, o Eduardo de Menezes.
A fundação informou ainda que no caso dos grupos de risco os servidores devem se autodeclarar para serem direcionados para teletrabalho ou “remanejados dentro da própria unidade (ou da rede) para exercer funções que não têm contato com pacientes. Em relação ao Hospital Alberto Cavalcanti, a Fhemig esclareceu que o hospital não é referenciado para atendimento aos casos do novo coronavírus. “Também esclarecemos que, após apuração na unidade, constatamos que a servidora não possuía histórico de cardiopatia ou hipertensão, o que foi verificado nos exames periódicos anuais realizados”, diz a nota.
Sobre as acusações de falta de equipamentos de proteção individual e testes, a Fhemig informou que “os exames para COVID-19 são realizados apenas em servidores sintomáticos, na unidade de referência, Hospital Eduardo de Menezes” e uma vez confirmada a suspeita o servidor e colocado em quarentena. “Não são realizados testes para pessoas assintomáticas e não existe exame preventivo para COVID-19. A Fhemig cumpre o que está previsto nos protocolos clínicos e nas orientações técnicas do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais”.
Sobre os EPIs, a fundação disse que todas as unidades da rede “estão abastecidas com equipamentos de proteção individual e seguem orientações de suas diretorias”, seguindo as determinações e protocolos dos órgãos estaduais e federais de saúde. “No HAC estão sendo fornecidos não somente os EPI's necessários e adequados para prevenção à COVID-19, como também foram doadas máscaras de acrílico/acetato que são usadas por cima da máscara cirúrgica”, finalizou a Fhemig na nota.