"Infelizmente, nós ainda não temos uma previsão (de retorno das aulas). Lembrando que aqueles que fazem uso de escolas particulares estão tendo aulas a distância. Mas, na educação pública, o sindicato conseguiu uma liminar que afasta todos os servidores, inclusive do teletrabalho, que é uma solicitação que eu julgo descabida”, afirmou o governador.
“A grande maioria das pessoas que se ausentam do trabalho hoje estão fazendo um trabalho a distância, inclusive todas as demais categorias do estado. Mas, nós recorremos dessa decisão e esperamos que em breve consigamos retomar as aulas não presenciais”, completou Zema.
As declarações foram ditas pelo governador durante pronunciamento exibido na internet e na Rede Minas, canal de TV aberta que pertence ao Executivo estadual.
Responsável pela liminar concedida aos servidores, o desembargador Pedro Carlos Bitencourt Marcondes alegou, em sua justificativa, que a deliberação do estado, embora determine o teletrabalho aos profissionais que podem fazer uso de tal expediente, traz riscos à vida e à saúde, não apenas dos servidores, mas de toda a sociedade.
A deliberação a que se refere o desembargador foi editada pelo estado, por meio do Comitê Extraordinário COVID-19, em 13 de abril. O texto tratava a educação como serviço “essencial”, assim como a saúde e a segurança pública.
Dois dias depois, a secretária de Educação, Júlia Sant’Anna, anunciou que a Rede Minas transmitiria as aulas para os estudantes lotados em escolas estaduais a partir de 11 de maio.
Com a liminar que impede a convocação dos servidores, contudo, a teleaula também está, neste momento, suspensa.
Outro lado
A reportagem procurou o Sind-UTE para que a categoria se manifestasse sobre as declarações do governador Romeu Zema. O posicionamento foi dado pela coordenadora-geral do sindicato, Denise Romano.
"Nossa categoria está enfrentando há muito tempo um processo de perseguição. O governo do estado elegeu a educação como inimiga. Isso é muito ruim, porque nós prestamos o serviço e estamos no cotidiano das escolas", afirmou.
O sindicato também tem dito que é contra a transmissão de aulas pela Rede Minas, pois o sinal da TV pública não chega a todos os municípios do estado. Tal condição limitaria o aprendizado de parte dos estudantes da rede estadual.
“Nós não podemos comparar a rede privada com a rede estadual de Minas Gerais. Nós temos milhares de alunos que vão ser excluídos. A Rede Minas só chega a um terço dos municípios mineiros. É mais um processo que vai excluir ainda mais os que estão à margem da sociedade”, explicou Denise Romano.
Antes da live do governador, a categoria convocou os educadores a postar a hashtag #ZemaPagueAEducação, em alusão à quitação da parcela dos salários de março, ao 13º de 2019, e à apresentação da data de pagamento para os vencimentos de maio.