Jornal Estado de Minas

Em plena pandemia, lixo de penitenciária em Neves é jogado em terreno baldio

Penitenciária José Maria Alkmin, em Ribeirão das Neves (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)


Em plena quarentena imposta pela pandemia da COVID-19, quando autoridades e população se esforçam para manter as medidas sanitárias corretas para barrar o novo coronavirus, o lixo produzido na Penitenciária José Maria Alckmin, em Ribeirão das Neves, na Região metropolitana de BH, está sendo depositado e queimado em um terreno baldio localizado atrás do complexo estadual de forma completamente ilegal.


A reportagem do jornal Estado de Minas atestou a denúncia feita pela Organização Comunitária Desencarcera MG, que mostrou no Instagram, nessa quinta-feira (23), imagens de um aglomerado de sacos de lixo e embalagens de marmitex de isopor, usados pelos detentos e jogados ao ar livre com restos de comida, favorecendo a proliferação de ratos, escorpiões, o mosquito da dengue e outras pragas. O Estado de Minas entrou em contato com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública sobre o caso e não obteve resposta. 

Foto de quinta-feira mostra a pilha de lixo no terreno (foto: Divulgação)


No local, no entanto, constatou-se que, de quinta-feira para esta sexta (24), o lixo foi queimado, pois ainda havia fumaça. Mesmo assim, era possível sentir um cheiro forte de putrefação. A advogada Roseana Cristine Rocha Costa, que passa pela local diariamente, confirmou que ainda na quinta todo o lixo estava intacto e que, na manhã desta sexta, havia muita fumaça no lugar.



O terreno está localizado na sequência da Rua Vera Lucia de Oliveira Andrade, no Bairro Esplanada, perto do Fórum Desembargador Assis Santiago. "É um absurdo essa situação de caos sanitário que agrava a proliferação de diversas doenças na cidade e na penitenciária. É um completo descaso com as nossas vidas. É inaceitável", completa a denúncia da organização. 


Nesta sexta, maior parte do lixo havia sido queimada (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)


Alguns vasilhames que não foram queimados acumulavam água, favorecendo ainda a procriação do Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Um moraror da região se disse preocupado, pois, além do clima tenso de viver nos arredores de uma cadeia, a falta de higiene "prejudica ainda mais os moradores do entorno".

Outro lado

 
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio do Departamento Penitenciário, esclareceu que está providenciando a imediata retirada do material das imediações da unidade prisional e que uma apuração preliminar será instaurada para apurar a responsabilidade do fato.