Jornal Estado de Minas

RECOMEÇO

Caso Backer: fábrica é liberada para produção de álcool em gel

A cervejaria Backer reabriu as portas nesta terça-feira depois que 42 pessoas se intoxicaram e nove morreram ao ingerir cerveja contaminada. Após inspeção, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) retirou os lacres dos tanques e liberou que a empresa remova os 472 mil litros de cerveja acumulados desde então. De acordo com o órgão, a cervejaria seguirá interditada até a apuração total dos fatos.


 
 
A intenção da fábrica é reaproveitar a cerveja acumulada nos reservatórios há mais de 90 dias para produzir álcool em gel 70% a ser doado no combate no coronavírus. De acordo com a empresa, cerca de 28,3 mil litros de álcool serão produzidos com a cerveja retida nos tanques, que inicialmente seriam descartados.

Ao lado de peritos da Polícia Civil, técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento  recolheram amostras do material para nova perícia. Um teste feito nos tanques liberados apresentou resultado negativo para presença de monoetilenoglicol e dietilenoglicol e estarão liberados para voltar a produzir após a certificação.

O advogado da Backer, Estevão Nejn, comemora a liberação gradual da fábrica, mas diz que ainda há muito a ser feito para que a empresa volte a produzir cerveja: “É preciso cautela, pois o inquérito ainda deve ser concluído, mas é uma sinalização importante de que foi algo pontual, isolado, que não há contaminação na fábrica. Toda a linha de produção passará por testes e certificações do Ministério da Agricultura para que a Backer possa voltar a produzir com segurança e qualidade”.


 
Em nota, o Mapa alega que a cervejaria segue sem poder exercer suas atividades: "O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que a cervejaria Backer segue interditada até que seja possível afirmar que não há riscos para a produção de cervejas no local. Na tarde desta terça-feira (28), auditores fiscais federais agropecuários do Mapa estiveram na cervejaria para autorizar o descarte da cerveja apreendidas nos tanques da fábrica".
 
A empresa se compromete a fazer completo processo de esterilização, testagem e certificação de todas as etapas de produção por técnicos do próprio Ministério da Agricultura, com adoção de novos protocolos de segurança.

Apesar de todo o estrago feito no estado, a Backer já havia solicitado às autoridades a liberação da fábrica com base nas investigações da Polícia Civil, que afirmaram que não houve contaminação na água da fábrica. Dos 70 reservatórios de produção de cerveja, somente um ainda continua sob investigação. Outros três seguirão lacrados para novos testes, já que o conteúdo esteve em contato com o tanque investigado. A empresa manteve os empregos desde então.
 

Bens bloqueados 


Desde o incidente com a contaminação da cerveja Belorizontina, os bens da cervejaria foram bloqueados pela Justiça com o objetivo de atender aqueles clientes que apresentarem em juízo os comprovantes das despesas médicas, que não estejam cobertas pelos planos de saúde, decorrentes dos danos causados pelo consumo de produtos da empresa. De acordo com a Backer, mesmo sem a receita, os empregos dos funcionários foram preservados no período de interdição da fábrica.