Saudade do contato, do abraço, do carinho. O isolamento social tão necessário para evitar a intensa propagação do coronavírus também gera consequências negativas para além da economia. Foi pensando nisso, que neste 29 de abril, Dia Internacional da Dança, artistas do Palácio das Artes promoveram um abraço virtual para celebrar a data.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais da Fundação Clóvis Salgado, 20 bailarinos ofereceram abraços à população. “Como definir o significado de um abraço? Afeto? Afago? Saudade? Como é viver sem poder abraçar alguém nesse período de isolamento social? É possível sentir, mesmo que à distância, a sensação e o conforto que um abraço forte pode nos causar? Para os bailarinos da Cia. de Dança Palácio das Artes, sim!”, explica a fundação na mensagem destinada ao público.
Toda a interpretação tem como som a música Cordel, de Daniel Maia, mineiro de Belo Horizonte e que atualmente vive em São Paulo. Conforme conta o diretor da companhia, Cristiano Reis, a música faz parte da trilha sonora do espetáculo Coreografia de Cordel, criado em 2004 e dirigido por Duca Pinheiro. No espetáculo, elenco e plateia iam ao microfone, posto em um pedestal, e mandava um abraço para alguém, como forma de afeto.
Campanha
Desde o dia 3 de abril, grupos de dança, canto e orquestra do Palácio das Artes vêm publicando vídeos em suas contas nas redes sociais, apresentando espetáculos de forma virtual.
“A instituição como um todo está trabalhando remotamente e estamos estudando formas de atuação nesse momento. O vídeo vem muito pra dizer que a dança tem muito a ver com o contato e com o corpo. Queríamos fazer um vídeo mostrando a importância do afeto e criar novas formas de sua manifestação”, defende Cristiano.
Consequências econômicas
Com isolamento, artistas vem tendo dificuldade em sobreviver financeiramente. Isso porque espetáculos, teatros e shows foram suspensos, como forma de evitar a propagação da COVID-19.
“É um momento delicado, as políticas públicas deveriam colocar a cultura como pauta junto com a base governamental. É o momento de refletir que a cultura não tem que ocupar um lugar longe da base. Agora, em meio a isolamento, as pessoas estão se alimentando de Instagram , Youtube, Netflix e muitas outras produção artística; elas estão consumindo dança, música e filme”, ressalta o diretor.
Até agora, o governo brasileiro ainda não adotou aportes financeiros concretos para a la artística. Aqueles que necessitam de ajuda devem se cadastrar no programa de distribuição do auxílio financeiro de R$ 600.
Na última quarta-feira, uma Instrução Normativa do Diário Oficial da União, ressaltou a possibilidade de projetos culturais do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) solicitarem movimentações de recursos, justificando o impacto e a iminência da liberação. No entanto, o texto publicado não detalha como esse aporte será feito.
Na Alemanha, ainda no início de março, a ministra de cultura do país defendeu o suporte à categoria, em meio à pandemia. “A cultura não é apenas um luxo que se entrega durante os bons tempos”, afirmou na ocasião.
No dia 25 de março, o governo alemão anunciou um pacote de 50 bilhões de euros destinados a pequenos negócios, freelancer e artistas, para custearem o aluguel de estúdios durante a pandemia.
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa