Jornal Estado de Minas

Nas ruas

Apoiadores de Bolsonaro aproveitam feriado para manifestação

O feriado do Dia do Trabalho, comemorado neste 1º de maio, foi utilizado por manifestantes em Belo Horizonte para tentar se fazer ouvir. Cerca de 50 pessoas estiveram na manhã desta sexta-feira na Praça da Bandeira, na região Centro-Sul da capital, para a “Marcha da familia com Deus, pela volta ao trabalho e contra o comunismo”. A intenção era descer até a Praça Sete, no Centro, mas, devido ao pequeno número de presentes, o trajeto foi abortado.



Como o próprio nome diz, a intenção era defender pautas da chamada “direita” política. Assim, englobou desde a retomada das atividades econômicas à saída do prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil; defendeu o direito de o presidente Jair Bolsonaro nomear Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal, o que foi barrado pelo Supremo Tribunal Federal (STF); contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o próprio Congresso Nacional; tudo em nome de Deus e da pátria.

“Queremos trabalhar, liberem as escolas” e “Quero cuidar dos meus pais, liberem o trabalho”, afirmava o locutor em uma gravação que foi repetida exaustivamente, tendo com trilha os hinos nacional e da independência. ‘Nosso propósito é a defesa do Brasil, dos trabalhadores brasileiros e do presidente Jair Bolsonaro. Por isso, queremos a volta das atividades econômicas”, afirma o engenheiro civil Cipriano Oliveira, de 65 anos, do movimento Brasileiros.bros.

Nem mesmo as recomendações de isolamento social feitas pelas autoridades sanitárias fazem os manifestantes mudarem de ideia sobre a retomada das atividades. Segundo eles, é possível conciliar prevenção com trabalho.



“Que cada um tome os devidos cuidados, que façamos o isolamento vertical, cuidando de quem precisa, de quem é do grupo de risco. Mas temos de voltar a trabalhar. As contas estão todas lá e, sem trabalhar, não vou conseguir pagá-las”, diz a empresária Roseane Vieira, de 58, para quem o “Brasil não pode quebrar”.

Opinião parecida tem a estudante de educação física Mônica Moura Barrioni, de 23. “O desemprego, a fome, é muito pior que a ameaça representada pelo novo coronavírus. Dá para conciliar. Temos de pensar na vida, mas também no sustento das pessoas.”

Enquanto se reuniam, os manifestantes ouviram tanto mensagens de apoio quanto contrárias ao ato dos que que passavam pela Praça da Bandeira. Motoristas buzinavam demonstrando aprovação, enquanto alguns criticavam a aglomeração, inclusive alguns ciclistas.



Na Justiça

Antes do final da manifestação, que foi encerrada com orações, o profissional liberal José Antônio do Nascimento, de 56, anunciou que entrou com ação popular pedindo a reabertura de todos os espaços público fechados pela Prefeitura de Belo Horizonte, como a Praça da Liberdade e a orla da Lagoa da Pampulha.

“O decreto da prefeitura sobre a pandemia não prevê isso. E mesmo se previsse, seria ilegal, pois fere o direito de ir e vir dos cidadãos”, afirmou ele, que acredita estar havendo exagero na divulgação do alcance do novo coronavírus. “Não tem pandemia, tem é gente metendo o dinheiro do contribuinte no bolso.”