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Estado de Minas BOA AÇÃO

Empresária lança campanha para alimentar moradores de rua de BH

Renata Camargo usa estrutura de restaurante que não pode ficar aberto para produzir comida. Iniciativa depende de colaboração de empresas e pessoas


postado em 01/05/2020 15:48 / atualizado em 01/05/2020 17:29

As marmitas distribuídas têm mensagem positiva como forma de aumentar auto-estima dos que as recebem(foto: Hortelã Cozinha Saudável/Divulgação)
As marmitas distribuídas têm mensagem positiva como forma de aumentar auto-estima dos que as recebem (foto: Hortelã Cozinha Saudável/Divulgação)
Em momento em que muitas pessoas estão preocupadas com o próprio futuro, devido às incertezas provocadas pela COVID-19, há quem consiga pensar no próximo. Sabedores que no momento não é possível realizar as atividades laborais normalmente, usam o conhecimento para ajudar quem precisa. Caso da empresária Renata Camargo, de 48 anos, que concebeu e colocou em prática o “Comida que abraça”.

Mesmo sem poder manter aberto o restaurante Hortelã, que funciona dentro do BHTec, ela decidiu seguir com as atividades, mas com outros fins: decidiu cozinhar para alimentar moradores de rua. Há 10 dias, distribui 100 marmitas diariamente, seis dias por semana, nas ruas de Belo Horizonte.

“Quando tivemos de fechar o restaurante, a gente chegou a cogitar o delivery, mas todo mundo está fazendo isso. Então pensamos: ‘você não precisa de mim para comer, tem milhões de outros restaurantes, mas tem um pessoal que precisa’. Então, fechamos o restaurante totalmente. Estamos pagando, com muito suor, os funcionários, demos férias a quem tinha direito, folga para quem tinha horas pendentes. Tudo com o objetivo de não colocar mais cinco pessoas na rua. Em uma conversa com amigos da (empresa) WayCarbon surgiu a conversa de ajudar quem precisa. Inicialmente, seria doando cesta básica, mas já tem muita gente fazendo, inclusive o governo. Aí, pensamos em quem está em situação de rua. E, através de contato com a Angélica, do Instituto de Apoio e Orientação a Pessoas em Situação de Rua (Inaper), conseguimos a logística que precisávamos, com a segurança que tanto nos preocupava. Queríamos que nosso alimento chegasse em quem realmente precisa e conseguimos”, explica Renata, que é formada em gastronomia.

Definido o objetivo e como atingí-lo, foi hora de buscar recurso para viabilizá-lo. O recurso inicial, porém, partiu do próprio bolso, com a empresária usando R$ 300 para adquirir matéria prima, além do estoque do restaurante. E novamente apareceram parceiros, como voluntáros do Grupo Iluminata, que já trabalha com população em situação de rua, o Instituto Ser e o Escritório Camargo e Vieira (que colocou o serviço advocacia à disposição das pessoas com pagamento facultatico. Quem pagar, o dinheiro vai para o Comida que abraça). “É uma galera muito empenhada e isso faz tudo funcionar de uma maneira muto legal.”

Para completar, foi lançada na internet uma campanha de arrecadação em que qualquer um pode colaborar. Basta acessar o https://www.vakinha.com.br/vaquinha/comida-que-abraca e fazer a doação. “O que me alegra é saber que tem uma rede de amor aí. Além dos parceiros, há uma galera muito empenhada e isso faz tudo funcionar de uma maneira muito bacana”, diz Renata, para quem a pandemia está levando todos à reflexão. “Acho que deu uma sacodida geral, fez o pessoal entender que planejar é importante, mas realizar hoje, agora, também. Até porque, se continuar do jeito que estava, não saberemos onde estaremos em 30 anos.”

Ela ressalta que só em Belo Horizonte são 7 mil pessoas em situação de rua, “sem saber o que vai fazer no dia seguinte”. “Temos de prestar atenção nisso, ver que essas pessoas precisam de ter o mínimo de oportuidades. Nem que sejam 100 pessoas. Escrevo mensagens positivas nas tampas e mentalizo que elas vão ajudar quem receber. Não posso virar as costas para essas pessoas. Apesar de acreditar que há alguém lá em cima cuidando de tudo, temos de fazer nossa parte”, argumenta ela, que pretende chegar a 200 marmitas doadas por dia em breve. “Não é só alimentar o corpo, mas também a alma dessas pessoas. Mostrar que tem alguém que se importa com elas.”


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