Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Luz no fim do túnel anima estudantes que estão retidos na Hungria

A chama da esperança se acendeu para os brasileiros que estão na Hungria. Um comunicado feito pelo Consulado-Geral do Brasil em Budapeste, solicitando que todos os interessados em retornar ao Brasil encaminhem fotos da folha de identificação do passaporte de cada um, é visto como primeiro passo para a repatriação.




Segundo o engenheiro capixaba Victor Silveira de Amigo, de 28 anos, que está no país europeu fazendo pós-graduação de gestão em engenharia, e faz esse trabalho de juntar os brasileiros num grupo da rede social (junto com a engenheira mecânica Larissa Barreiro, de 29), esse foi o único contato feito com o governo brasileiro.

 

Todos teriam recebido prazo de até segunda-feira para que as cópias dos documentos sejam enviados. O problema, segundo ele, é que muitos brasileiros estão em Debrecen, como é o caso dele, e correm o risco de os vistos expirarem.  

 

“O dinheiro que temos aqui é da bolsa do governo Húngaro. Essa bolsa vai até junho. Depois disso a situação poderá se complicar, pois em junho estarão vencendo os aluguéis e ninguém mais terá receita, ou seja, dinheiro para sobreviver. Vamos passar dificuldades. Por isso, estamos com pressa.”


Victor diz que o mais importante para todos os brasileiros – são 46 cadastrados no grupo – é ter uma via de saída da Hungria. "O espaço aéreo está fechado aqui na Hungria, assim como em todos os países europeus", destaca.


Ele diz que tem uma passagem comprada, pela TAP, para o princípio de junho, mas que o voo já está cancelado. “Pelo menos agora conseguimos um contato e uma resposta com o Consulado. Não existe nada de concreto para a nossa saída daqui, mas pelo menos já obtivemos uma resposta. Existe uma linha de emergência aberta pelo Consulado para ajudar quem tem problemas de saúde ou de fome. Mas esperamos não chegar nesse ponto.”

Até ontem, segundo Victor e Larissa, cerca de 20 pessoas já haviam enviado a cópia do documento solicitado para o grupo. Ele espera que seja dada uma solução assim que remeterem os documentos.

Agonia

Já o engenheiro mineiro Francisco Almeida, de 58, vive a agonia de ter um filho na Hungria e não saber quando nem se ele conseguirá retornar ao Brasil. “Meu filho, Pedro Almeida, de 23 anos, é estudante de mecatrônica. Faz o curso na PUC, mas está na Hungria fazendo estágio na Eaton, empresa norte-americana, que fica na capital Budapeste. Antes ele esteve na Alemanha, também estagiando. Tem visto alemão. Espero que, se não conseguir voltar, pelo menos possa retornar à Alemanha.”

A incerteza vem deixando Francisco agoniado. “Ele precisa voltar. Primeiro, porque aqui está a família dele. E também tem de concluir o curso aqui em BH. O pior é não ter certeza de nada. Espero, sinceramente, que o Itamaraty tome uma providência e que possa ter meu filho de volta.” Pedro está na Europa há um ano.