Jornal Estado de Minas

COVID-19

'Velocímetro' do coronavírus checa o grau da pandemia na capital


Nesta semana, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) deve anunciar a disponibilização de um "velocímetro" à população, que medirá o nível da pandemia do coronavírus na capital mineira. A ferramenta será fundamental nas futuras tomadas de decisão, como a flexibilização do isolamento social.



A funcionalidade foi criada pelo professor Bráulio Couto, do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), em conjunto com o infectologista Carlos Starling, que faz parte do comitê de enfrentamento ao coronavírus da PBH. De acordo com Starling, o "velocímetro" foi a forma mais didática encontrada para atualizar a população sobre o grau da pandemia da COVID-19 em BH.

“Uma forma de comunicação muito simples com a população, explicando como anda o dia a dia da epidemia. Então, nós usamos o velocímetro. É igual a um velocímetro de carro. Se você tiver muito acelerado, você tem que pisar no freio. Então o processo de flexibilização do isolamento social tem que ser feito com critérios simples. A forma de comunicação vai ser essa”, explicou o infectologista.

Ao todo, três indicadores devem ser usados para que se chegue aos dados finais do velocímetro, que serão disponibilizados à população: velocidade média da epidemia, taxa de ocupação dos leitos de UTI para coronavírus e a taxa de ocupação dos leitos de enfermaria para a COVID-19. Os cálculos da velocidade média ficarão por conta de Bráulio Couto. Ele explicou como são obtidos os números.




“A gente tem outros velocímetros. Por exemplo: a velocidade média da epidemia e a velocidade dos últimos sete dias, que são duas formas de ver a epidemia. Hoje, a velocidade média mostra um controle. É sempre bom olhar a última semana para ver se os dados estão indicando alguma aceleração. Então, a gente usa dois velocímetros para olhar a questão dos R0, que é o número de novos casos confirmados de COVID que vão surgindo. E é isso que a gente chama de velocidade”, afirmou Bráulio.

Atualmente, a velocidade média da pandemia em Belo Horizonte está classificada em 1, ou seja, sinônimo de estabilidade. No entanto, a taxa de isolamento social acusou 41% de falha, de acordo com o Centro de Operações da Prefeitura (COP-BH), representando quase a metade da população da capital nas ruas. Os dados também podem ser representados por meio de velocímetros, porém, utilizados internamente pela administração municipal. Isso porque um outro está sendo confeccionado somente para a população, com informações precisas e de fácil compreensão.


A inspiração para o "velocímetro do coronavírus" vem de projetos anteriores feitos por Bráulio e Starling. “A gente trabalha com infecção hospitalar. Tem uma ferramenta que é a base desse velocímetro. Com base no histórico de ocorrências de infecção num CTI, por exemplo, a gente criou um velocímetro que informa qual o nível de risco no próximo mês de ter um surto no CTI. A gente também criou uma ferramenta há muitos anos, que chama “infectômetro”, que informa o número normal de infecções que um setor deveria ter. A primeira fala muito do futuro, enquanto a segunda fala do presente”, concluiu Bráulio.

Indicador será apresentado ao Governo de MG 

Na terça-feira, a ferramenta será apresentada ao governo de Minas, por meio da Secretaria Estadual de Saúde. A intenção é que o "velocímetro" seja usado para verificar o nível da pandemia em todas das regionais de saúde do estado. Até o boletim divulgado neste sábado, Minas registrou 2.023 casos confirmados de coronavírus e 88 óbitos, número este que se manteve desde sexta-feira.