A disponibilidade de leitos clínicos e de terapia intensiva em Belo Horizonte está sob controle, mas tudo pode mudar em 48 horas. A afirmação foi feita pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) na tarde desta segunda-feira após reunião com os prefeitos que integram a Associação dos Municípios Região Metropolitana de BH (Granbel).
“Leito da pandemia sai de controle em 48 horas. Então não tem nada tranquilo. Estamos todos apavorados. A situação hoje está sob controle, na quarta-feira pode estar tudo descontrolado”, disse o chefe do Executivo municipal, que se baseia no que tem visto em outros países. “Temos a vantagem de ‘estar no futuro’. O que aconteceu na China, na Europa, nos Estados Unidos, temos chance pequena (de acontecer em BH).”
Confira a ocupação de leitos no SUS-BH atualizada no último domingo (3), segundo a Secretaria Municipal de Saúde:
Leitos de UTI
- Leitos de UTI total: 906
- Taxa de ocupação UTI total: 75%
- Leitos de UTI COVID: 217
- Taxa de ocupação UTI COVID: 50%
- Leitos de UTI não COVID: 689
- Taxa de ocupação leitos UTI não COVID: 82%
Leitos de Enfermaria
- Leitos de enfermaria total: 4.721
- Taxa de ocupação enfermaria total: 57%
- Leitos de enfermaria COVID: 457
- Taxa de ocupação enfermaria COVID: 45%
- Leitos de enfermaria não COVID: 4.264
- Taxa de ocupação leitos enfermaria não COVID: 59%
Número de mortes é maior
O boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde nesta segunda-feira aponta 825 registros do novo coronavírus na capital mineira. O prefeito Alexandre Kalil acredita que o número é muito maior.
“BH não tem 800 casos só. Eu multiplico isso por 10. Os números de contaminados é absolutamente subnotificado no país inteiro. Temos subnotificação de quase 10 vezes”, afirma o prefeito, que se diz preocupado com o número de mortes. “Minha preocupação é número de mortes. É só olhar quando que enterrava durante dez ou cinco anos atrás e comparar com o que aumentou. Se aumentou de 28 para 128, é óbvio que 100 é por coronavírus, isso é indiferente da subnotificação”, exemplificou Kalil.
Segundo a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, nos quatro primeiros meses deste ano, os cemitérios municipais registraram 3.392 enterros. O número é maior que nos últimos anos. No ano passado, foram 3.176 sepultamentos. Em 2018, foram 2.960. No ano anterior, 3.163.
Pico ainda está por vir
O prefeito disse que estuda o plano de flexibilização para a partir do próximo dia 25, mas que depende do apoio da população. “Sabemos que, segundo os médicos e a ciência, somos responsáveis por tudo isso, e vamos passar nas próximas duas semanas o pior pico da pandemia do Brasil”, afirmou Kalil.
Ele comentou sobre festas que tem ocorridos na capital. Segundo Kalil, quem tiver promovendo as comemorações deve ser conduzido para delegacia. O prefeito mencionou um levantamento feito pela Guarda Municipal que já somou 8.500 autuações por burlarem as regras de isolamento na cidade.
“A população tem que entender o que estamos passando. Já estamos nos reunindo com associações, olhando o plano de flexibilização da cidade, mas vai depender do comportamento da população diante dessa tragédia”, concluiu.