A situação dos brasileiros que ficaram em Portugal depois da saída do ultimo voo de repatriação, na semana passada, é de abandono pelo Governo Federal. É o que se sente quando se conversa com os “deixados para trás”, que hoje conseguem dormir e comer graças ao governo português, como contam o mineiro Edemir Alves, de 45 anos, ex-vereador em Frei Lagonegro, e o advogado Ilker Batista, de 33.
Eles estão entre os 13 brasileiros que estavam no grupo convocado para a viagem de retorno na última quinta-feira. Mas acabaram ficando no país.
“Nós estamos sendo atendidos pela Assistência Social do Governo Português. E isso aconteceu a pedido do governo de portugal. Fomos levados para um hostel, próximo ao Centro de Lisboa”, conta Ilker.
No entanto, na tarde de segunda-feira, eles tiveram uma surpresa desagradável. “Fomos buscar o almoço, que é uma doação, na Santa Casa de Misericórdia daqui. Na volta, depois de almoçarmos, fomos convocados para uma reunião, no saguão do hotel, quando disseram que não poderíamos ficar mais lá e que o pessoal da Assistência Social de Portugal estava vindo para nos buscar”, conta Edimir.
Ilker diz que foi uma grande surpresa, pois o acordo era que ficassem no hostel até a próxima segunda-feira. Os brasileiros foram ao quarto apanhar seus pertences e, quando desceram, já havia um ônibus esperando-os.
Eles foram levados para uma espécie de colônia de férias da Fundação Inatel, que é especializada em turismo, desporte e cultura, à beira-mar. “O lugar é muito bom, bonito, mas queremos uma solução para o nosso caso”, diz Edimir.
A sensação, segundo Ilker, é de total abandono por parte do Consulado Brasileiro. “Não conseguimos mais falar com ninguém no consulado. Não atendem ao telefone e nem respondem a e-mails. Só estamos vivos graças ao governo português, que é quem está nos dando assistência, alimentando e hospedagem. Aqui, temos onde dormir e o que comer. Mas queremos uma posição para ir embora, no que dependemos do governo brasileiro".