Apenas 36% (5,6 milhões) das pessoas que compõem os grupos priorizados foram atingidas na segunda fase da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe, que termina nesta sexta-feira (8). São povos indígenas, caminhoneiros, motoristas e cobradores de transportes coletivos, trabalhadores portuários, membros das forças de segurança e salvamento; pessoas com doenças crônicas e outras condições clínicas especiais; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas; população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional, em torno de 10 milhões de pessoas. Os dados são do Ministério da Saúde.
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O Ministério da Saúde alerta que a população deve ir até um posto de saúde para receber a vacina contra a gripe, independentemente da pandemia da COVID-19 e que os estados e municípios estão preparados para oferecer a vacina de forma segura aos grupos prioritários. A meta é vacinar 90% de todos os públicos previstos para as três fases da campanha, com encerramento previsto para junho.
Profissionais de transporte coletivo (motoristas e cobradores), caminhoneiros e portuários são os grupos que menos procuraram se vacinar na segunda fase da campanha, de acordo com o ministério. Foram 467 mil doses aplicadas, sendo que a estimativa é vacinar 2,6 milhões.
Em Minas Gerais, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, "na segunda fase de vacinação contra o influenza somente o grupo de indígenas entra para o cálculo de cobertura." De um total de 14.193, foram vacinados 6.437 (45,35%). Segundo nota da assessoria, os municípios estão realizando a vacinação deste grupo incluído na segunda fase e "as pessoas poderão ser vacinadas até 5 de junho, data que encerra a campanha nacional de vacinação contra a Influenza. A terceira fase da campanha começa dia 11 de maio. O público incluído na terceira fase será atendido de acordo com o planejamento de cada município, seguindo as orientações de prevenção do coronavírus, ou seja, evitando aglomerações nas unidades de saúde."
Na capital, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte informou que a cobertura vacinal foi de 100% do público-alvo na primeira fase. Foram vacinados 117 mil profissionais de saúde e 336 mil pessoas da população acima de 60 anos. Dados parciais, de acordo com a secretaria, indicam que no segundo lote foram 145 mil os vacinados (55,4%) do grupo priorizado, contra número previsto de 263 mil pessoas. A campanha deste ano imunizou 601.494 cidadãos.
Em nota, a secretaria alertou que "a vacinação acontece nos 152 Centros de Saúde e a prefeitura manterá a estratégia de abrir postos extras para que as pessoas possam receber a vacina, e assim evitar aglomeração nos Centros de Saúde. Os locais podem ser verificados no portal da prefeitura".
As pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais devem apresentar prescrição médica no ato da vacinação. Pacientes cadastrados em programas de controle das doenças crônicas do SUS deverão se dirigir aos postos em que estão registrados para receber a vacina, sem a necessidade de apresentação de prescrição médica.
O início da campanha deste ano foi antecipada, priorizando idosos e trabalhadores de saúde, já que a vacinação é uma proteção aos quadros de doenças respiratórias mais comuns. Teve também o propósito de evitar que as pessoas acima de 60 anos, público mais vulnerável ao coronavírus, precisasse se deslocar no período esperado de provável circulação do vírus no país.
Proteção importante
Lessandra Michelin, diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), ressaltou a importância da vacinação em tempos de pandemia, além das medidas de higiene. "Há anos a campanha de vacinação contra a gripe é realizada entre os meses de abril e maio. Por conta do número de idosos afetados e dos colegas que estão na linha de frente, a campanha foi adiantada. A priorização destes públicos, mesmo diante da não eficácia da vacina de Influenza contra a COVID-19, é uma forma de auxiliar os profissionais de saúde a descartarem as gripes no momento de triagem do paciente e contribuir para antecipar um diagnóstico para o coronavírus", afirma a infectologista.
Do ponto de vista epidemiológico, as crianças são consideradas multiplicadoras de vírus respiratórios e, por isso, o Programa Nacional de Imunizações distanciou um público do outro. Foram duas semanas de intervalo entre uma fase e outra.
A infectologista ainda reforça a importância para que cuidadores e profissionais de saúde orientem os idosos para que aproveitem a ida ao posto de vacinação, ou clínica particular, para atualizar a caderneta de vacinação contra pneumonia. "As doenças causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae (pneumococo) são conhecidas como doenças pneumocócicas. Entre as mais graves está a pneumonia – além da meningite e bacteremia (presença de bactéria do sangue), que é uma infecção que afeta os pulmões e pode ser provocada por vírus, bactéria ou fungos. Os sintomas característicos são tosse, febre e dificuldade de respirar. Por isso, é importante se vacinar também contra esta enfermidade", explica Michelin.
"Dados sobre a relação entre a gripe e as doenças pneumocócicas apontam que a imunização simultânea pode reduzir os casos de internação e óbitos. Por isso, neste momento é muito importante que a população adote todas as medidas necessárias de prevenção", defende a médica.