Quem circulasse há 40 dias pelo Mercado Central de Belo Horizonte - àquela altura vazio e com poucas lojas abertas - certamente conseguiria se sentar no chão dos corredores sem ser incomodado. Neste sábado (9), andar no local sem sofrer esbarrões exigia atenção redobrada. O Dia das Mães, comemorado neste domingo (10), intensificou movimento no entreposto. Muitos estabelecimentos não essenciais, como floriculturas e chocolaterias - sem permissão para funcionar durante a quarentena - abriram as portas de olho na demanda do feriado.
Na seção de artesanatos, alguns lojistas tentavam justificar as portas abertas. “Não estamos funcionando, viemos aqui só para fazer entrega de pedidos feitos on-line”, disse a comerciante da barraca de artigos de palha e vime ao ver as câmeras da reportagem.
Já no estande de utensílios de cozinha onde o Welington Santos trabalha não houve qualquer constrangimento. “Até o governador já falou que Minas Gerais é referência no combate à COVID-19. Estamos tomando todos os cuidados, então, não vejo problema”, comenta o jovem. O vendedor reconhece que a abertura do comércio contraria as medidas de isolamento social impostas pelo prefeito Alexandre Kalil, mas diz não ver alternativa diante da crise.
As expectativas para as vendas no Dia das Mães estão baixas, o rapaz espera vender 60% de queda nos ganhos em relação ao ano passado. Resignado, ele diz prefere focar na sobrevivência diária. “Diante dessa crise, a gente não está podendo reclamar do movimento aqui no mercado não. Ainda está vendendo. Só que caiu bastante porque não tem turistas e a gente depende muito deles. Mas está bom. Moderado”, avalia.
A clientela se queixa da falta de dinheiro, mas não deixa a data comemorativa passar em branco. Ivina Paula da Silva passou no mercado com o marido, Alexandre Kanaã, para comprar o presente da mãe, além dos ingredientes do almoço do domingo em família. “Esse ano vai ser só uma lembrancinha, não estamos podendo gastar muito não”, destaca a auxiliar administrativa.
O Engenheiro Mário Lima por sua vez, veio com disposição para gastar. Levou para casa belos vasos de orquídeas, e rosas, previamente encomendados por telefone, para a esposa e para as noras, além de ingredientes para a refeição especial do clã. “Gastei na casa dos R$ 500 reais, mais ou menos o mesmo valor do ano passado”, conta o senhor de 68 anos.
Conhecido como “Natal das floriculturas”, o Dia das Mães injetou ânimo nos comerciantes de flores. Muitas floras do mercado driblaram o decreto municipal, cercadas por faixas de sinalização, para barrar o fluxo de clientes, e atendimento da porta para fora. “Atendemos com todas as medidas de higiene e uso de álcool em gel, e isolamos a loja. Mas estamos atendendo mais no delivery, via Whatsapp. O movimento caiu muito em relação ao ano passado, mas está bom. Para hoje, já temos cerca de 20 encomendas”, comemora a floricultura Mônica Amorim