Jornal Estado de Minas

COVID-19

Mais cidades do Brasil adotam bloqueio total contra o coronavírus


Em razão do aumento do número de casos de COVID-19 no Brasil, várias cidades do país estão adotando medidas mais rígidas de isolamento social. Lockdown, mais conhecido como isolamento rígido ou bloqueio total, é a versão mais severa do distanciamento social, onde a recomendação torna-se obrigatória. Neste regime, as pessoas que saírem de casa para atividades não essenciais serão multadas. Dessa forma, todas as atividades comerciais não essenciais devem ser paralisadas e o deslocamento de pessoas é proibido, a não ser em casos considerados especiais como a ida a supermercados e farmácias e o cumprimento de jornada de trabalho para profissionais em áreas essenciais.



Mais de 18 cidades brasileiras já adotaram o lockdown nesta semana, como por exemplo São Luiz, Niterói e São Gonçalo. Entretanto, esses municípios encontram dificuldade de manter as pessoas em cas e evitar aglomerações. O Maranhão foi o primeiro estado brasileiro a aderir ao lockdown. A capital, São Luís, quatro municípios da Ilha de São Luís e a região metropolitana estão em Bloqueio Total, desde o último dia 5. 

A medida deve permanecer por 10 dias como uma maneira de evitar o colapso total do sistema de saúde do estado, que atingiu 100% de ocupação no fim de abril. Como reforço ao lockdown, a cidade adotou o rodízio de veículos a partir de ontem. Segundo Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, o estado possui mais de 8,144 mil casos confirmados do novo coronavírus e 399 pessoas morreram por causa da doença. 

Apesar das críticas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Dino afirma que não vai flexibilizar as medidas sanitárias de enfrentamento à pandemia.

Estados vizinhos ao Maranhão, também vem adotando o isolamento rígido como forma de conter o avanço do COVID-19. No Pará, a capital (Belém) e mais nove cidades entraram neste regime a partir do domingo.  Logo no primeiro dia, a fiscalização multou 54 multas pessoas físicas e seis estabelecimentos comerciais que não se enquadram como serviço essencial, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup). O estado paraense contabiliza 7.563 casos confirmados de coronavírus e 708 mortes.



Apesar de o isolamento rígido não ser válido na capital, a cidade de Tefé, no Amazonas, já está em lockdown desde o último dia 5. Dessa forma, aglomerações de pessoas nas vias públicas, bancos e lotéricas fica suspenso até sexta-feira. 

Em casos de moradores que estão prestando serviços especiais, as normas não são válidas, segundo o prefeito da cidade, Normando de Bessa Sá (PMN).

Já no Ceará, o lockdown começou na capital (Fortaleza) na última sexta-feira. Entretanto, no primeiro dia, o isolamento não foi respeitado e foram registradas pequenas aglomerações em terminais de ônibus e agências da Caixa Econômica Federal, segundo informações do Diário do Nordeste. Como reforço ao lockdown, a rodovia que liga a capital a outros municípios foi fechada e está sendo bloqueada por policiais militares.

A medida em Fortaleza é válida até o dia 20, de acordo com decreto do governador Camilo Santana (PT) e do prefeito Roberto Cláudio (PDT). O estado cearense já registrou 17.599 casos confirmados de coronavírus e 1.189 pessoas morreram em decorrência da COVID-19.



Já no Sudeste, o Rio de Janeiro foi o primeiro estado a colocar o isolamento rígido em prática. Desde ontem,  Niterói e São Gonçalo passaram a adotar medidas mais restritivas de isolamento social. Em Niterói, os moradores que saírem de casa para atividades não essenciais podem ser multados em R$ 180. A fiscalização será feita pela Guarda Municipal. Assim como em Fortaleza, as rodovias que dão acesso à cidade foram fechadas. Além disso, o morador que não estiver usando proteção facial pode ser multado também.

A medida foi implantada para evitar que a situação do coronavírus se agrave na cidade. Niterói contabiliza mais de 520 casos de COVID-19 confirmados. Segundo o prefeito do município, Rodrigo Neves (PTD),  um dos principais objetivos é chegar a um índice de isolamento de pelo menos 70% e evitar o colapso do sistema de saúde. Assim como em Niterói, a circulação de pessoas em vias públicas é proibida, a não ser para serviços essenciais. O lockdown é válido até 15 de maio, mas, caso o número de contaminações por coronavírus não diminua, o municipio pode estender a validade.

A cidade do Rio de Janeiro começou a estudar a implantação do Bloqueio total. A capital registra mais de 14.100 infectados e 1.092 mortes pela doença. Assim como o Rio, São Paulo também planeja implantar o lockdown visto que os hospitais estão em superlotação e os casos de coronavírus estão aumentando expressivamente. Manaus, Recife e Espírito Santo também estão avaliando a situação. (ARL)

*Estagiária sob orientação do subeditor Marcílio de Moraes


Mas afinal, o que é isso?


O chamado lockdown, também conhecido como bloqueio total,  é quando todas as atividades não essenciais ficam proibidas, assim como a circulação de pessoas nas vias públicas. As entradas do perímetro determinado (cidade, estado ou país) também são bloqueadas por profissionais de segurança e ninguém tem permissão de entrar ou sair.



Não se trata de apenas uma recomendação, mas sim de uma imposição determinada por lei ou por decisão judicial. Esse é o nível mais alto de segurança e pode ser necessário em situação de grave ameaça ao sistema de saúde. Dessa forma, o lockdown é eficaz para reduzir da curva de casos e dar tempo para reorganização do sistema em situação de aceleração descontrolada de casos da doença e de óbitos. Entretanto, o alto custo econômico é uma desvantagem desta medida.

O bloqueio total é uma das “medidas não farmacológicas” recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, diante da indisponibilidade, até o momento, de medicamentos e vacinas específicas que curem e impeçam a transmissão do coronavírus. Tais medidas, como o distanciamento social, etiqueta respiratória e de higienização das mãos são, de acordo com os órgãos de saúde, “as únicas e mais eficientes medidas no combate à pandemia”. (HM)