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Estado de Minas CORONAVÍRUS

Banca solidária recolhe doações em São Tomé das Letras

De forma autônoma, quem pode doar deixa itens nas prateleiras. Quem precisa, vai até lá e recolhe


postado em 12/05/2020 15:42 / atualizado em 12/05/2020 16:13

O jornalista e professor Osvaldo Nery Neto é um dos idealizadores do projeto(foto: Osvaldo Nery Neto)
O jornalista e professor Osvaldo Nery Neto é um dos idealizadores do projeto (foto: Osvaldo Nery Neto)

Coração de mãe, foi o apelido carinhoso dado pelos moradores da cidade de São Tomé das Letras, no Sul de Minas, ao projeto Banca Solidária. Localizada na Praça da Matriz (Barão de Alfenas) a antiga banca de jornais e revistas é palco de recebimento e doação de alimentos, roupas, brinquedos e até rações para animais, nove horas por dia.

 

O que chama a atenção é que não há ninguém "tomando conta" do programa. Quem tiver algo a mais, leva o objeto a ser doado e coloca nas prateleiras. Quem estiver necessitando de algo, passa e apanha. O modelo solidário e autônomo foi idealizado pelo jornalista e professor de história da vizinha Três Corações, Osvaldo Nery Neto e da consultora e moradora da cidade Vera Fragoso, para a população enfrentar a pandemia do coronavírus. O lema da campanha passou a ser "Quem tem, põe. Quem não tem, tira" e rapidamente se espalhou pelo município.

 

São Tomé das Letras tem 6.600 habitantes, segundo dados do IBGE de 2010, e fica a 350 km de Belo Horizonte. Sua principal fonte de renda é o turismo místico e ambiental. Além da beleza arquitetônica de grande parte das casas construídas pela famosa pedra de são tomé, possui lindas cachoeiras e trilhas entre as paisagens exuberantes da Serra da Mantiqueira, e exibe um histórico de aparecimentos de seres não muito comuns de serem vistos pelos humanos. Com o isolamento social do COVID-19, as pousadas estão vazias e a cadeia econômica do turismo praticamente paralisada.

 

Osvaldo conta que a ideia surgiu a partir de um movimento similar, Banca Solidária, na cidade de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, visto nas redes sociais. Nery e Vera propuseram desenvolver o projeto em São Tomé e a comunidade abraçou a causa. O jornalista é proprietário da banca que existe na praça há quase 40 anos. "Foi banca de jornais e revistas, foi café e tabacaria, sorveteria, loja de discos em vinil e muitas outras atividades." Por se localizar bem no centro da cidade e em local onde acontecia a feira de artesanato, antes da pandemia, tornou-se ponto ideal.

 

Primeira e única banca da cidade, resistente desde 1983, tornou-se patrimônio cultural, tombado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico e espera autorização do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Arquitetônio (Iepha) para ser removida para outro local, cedendo o ponto para extensão da feira de artesanato tradicional da cidade.

 

Primeiro, ele restaurou e reorganizou o espaço para receber as doações. "Vera foi a primeira a comprar quatro cestas básicas, de onde os alimentos em maior volume foram redistribuídos em embalagens menores e colocados nas prateleiras. Também havia ração para cães e gato", conta Nery. "No primeiro dia, os alimentos se esgotaram".

 

A ideia de "ninguém tomando conta", veio com o propósito de não constranger que está doando ou recebendo e estímular o respeito mútuo, a apropriação do espaço como um bem de toda a cidade. A banca fica aberta diariamente de 8h às 17h. Aos poucos outros objetos foram surgindo, como brinquedos, cds, dvds, filmes, agasalhos, e roupas de inverno, que é rigoroso na região.

 

Nery apela aos produtores rurais e proprietários de estabelecimentos comerciais que também contribuam com a iniciartiva, "que não precisa ficar restrita à cidade, mas estendida aos arredores, nesse momento de incertezas". As doações podem ser feitas pelo telefone (WhatsApp) (35) 99855-5255 ou sugeridas por e-mail (jornalisnonn@hotmail.com) ou por meio da página da banca no Facebook (acesse aqui).


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