Os números foram divulgados nesta quarta-feira pelo presidente da Fhemig, Fábio Baccheretti, em reunião com deputados estaduais na Assembleia Legislativa.
Segundo Baccheretti, a Fhemig tem as condições necessárias para, primeiramente, abrir 302 novos leitos, sendo a maior parte no Júlia Kubitschek. Depois, para chegar aos 434, a proposta é instalar espaços de terapia intensiva onde hoje estão enfermarias.
A entidade planeja atender metade dos pacientes de coronavírus que procuram a rede pública de saúde nas cidades onde há leitos exclusivos da Fhemig para o enfrentamento à pandemia.
A taxa de ocupação dos 80 leitos atuais está em cerca de 60%. Os hospitais Júlia Kubitschek, João XVIII e Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, concentram 44 deles. Há outros 10 no Hospital Regional Antônio Dias, em Patos de Minas, seis no Hospital Regional de Barbacena e 20 no Hospital João Penido, em Juiz de Fora. O aumento na capacidade de atendimento vai contemplar, justamente, essas casas de saúde.
“Percebemos, no resto do mundo e em outros estados onde a pandemia está avançada, como Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará, que o que (mais) evita mortes são os leitos de terapia intensiva. Por isso, nosso foco é a abertura de CTIs”, explicou.
O plano da Fhemig inclui, ainda, aumentar para 238 a quantidade de leitos de enfermaria voltados aos pacientes da infecção. Atualmente, há 137.
“O número de leitos de CTI é maior que os de enfermaria pelo perfil dos pacientes da COVID-19, que quando vão aos hospitais, muitas vezes, evoluem desfavoravelmente”, acrescentou.
Retaguarda
Para ampliar o acolhimento aos casos confirmados, o plano da Fhemig prevê a transferência de outros pacientes. O Galba Veloso vai poder comportar 200 pessoas internadas nas enfermarias que serão transformadas em unidades de terapia intensiva. O Hospital Alberto Cavalcanti, por sua vez, terá 10 vagas de CTI destinadas aos que, por conta da pandemia, não puderam ser acolhidos pelos hospitais utilizados para tratar os infectados.
A Fhemig tem, ao todo, 20 hospitais espalhados pelo estado. Um acordo de compensação oriundo da tragédia de Brumadinho fez com que recursos pagos pela Vale fossem direcionados a hospitais da rede.
Única das casas de saúde destinada somente aos pacientes da infecção, o Eduardo de Menezes, por exemplo, tem, informou o gestor, obras adiantadas para a conclusão de 12 novos leitos. Um tomógrafo também deve ser entregue.Não faltam EPIs
Desde o início da pandemia, a Fhemig já adquiriu cerca de 15,4 milhões de equipamentos de proteção individual (EPIs). Baccheretti revelou que, nas primeiras duas semanas, os hospitais da rede consumiram a totalidade de máscaras usada em quatro meses comuns. A partir daí, a entidade adotou rigorosos critérios na distribuição dos equipamentos.Segundo ele, não faltam EPIs. “Tivemos uma queda de estoque muito importante. Percebemos que tínhamos de fazer um controle rigoroso. Centralizamos o estoque da Fhemig e fazemos uma distribuição diária em Belo Horizonte, e semanal, no interior, de acordo com o consumo. Desde o início da pandemia, não faltou nenhum tipo de EPI”, garantiu.
De acordo com o presidente, o estoque da Fhemig não é o mesmo utilizado pelo governo estadual para repassar luvas, aventais, máscaras, óculos de proteção e afins aos municípios.
Hospitais filantrópicos pedem ajuda
Os parlamentares ouviram, também, a presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), Kátia Regina Rocha. Ela protestou contra o número de leitos habilitados no estado.“Em todo o Brasil, o Ministério da Saúde habilitou, até ontem, 3.810 leitos de UTI. Em Minas Gerais, foram 55. Nós, da gestão pública estadual, não conseguimos fazer todo o arranjo do plano de contingência, que precisa trazer as instituições que serão referência no atendimento”, comentou.
Ainda segundo ela, o estado não tem fornecido os EPIs gratuitamente aos hospitais filantrópicos. Citando o valor da dívida do Executivo, ela criticou o fato de as casas de saúde filiadas à Federassantas precisarem comprar os equipamentos. “Se a dívida é de R$ 1 bilhão, que R$ 200 milhões sejam compensados em equipamentos de proteção individual”, disse.
Kátia pediu, ainda, que parte dos recursos do Fundo Estadual de Saúde (FES) sejam repassados aos hospitais filantrópicos. De acordo com ela, as 316 unidades sem fins lucrativos do estado são responsáveis por cerca de 70% dos atendimentos feitos no Sistema Único de Saúde (SUS).