A cada grupo de 10 moradores da Grande Belo Horizonte, sete têm mais medo de contrair a COVID-19 do que perder a sua renda devido aos efeitos na economia da crise do novo coronavírus (Sars-Cov-2). A opinião foi expressa na sexta semana da pesquisa “Termômetros da crise COVID-19”, do Instituto Olhar/Crisp-UFMG, que é divulgada semanalmente com exclusividade pelo Estado de Minas. O percentual de pessoas que responderam ter mais medo da infecção foi de 71,3%, enquanto aqueles que temem mais pelos seus empregos e renda somam 28,7% do universo do levantamento.
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Nessa sexta rodada da pesquisa, realizada entre o dia 7 e terça-feira, os entrevistados emitiram notas de zero a 10, traduzidas depois em termômetros com os parâmetros de apoio ao isolamento social, medo da infecção, desempenho dos governos no enfrentamento à pandemia, e comprometimento econômico.
O apoio ao isolamento continua elevado, com nota 8,4, mas com o registro de menor pontuação, tendo em vista que na última semana havia chegado ao pico, com pontuação 8,7. A visão sobre o comprometimento dos outros segue em declínio, com a percepção recebendo a pior nota, de 7,4. Essa avaliação chegou a 8,2 na primeira semana. Chama a atenção, também, o fato de ter dobrado o número de pessoas que, em vez de isolamento, praticam distanciamento, ou seja, reduziram os contatos sociais. Esse índice foi de 5,6% na semana anterior de entrevistas e subiu para 10,3%, o maior de toda a série.
“Isso mostra que já há um certo desgaste das pessoas com o isolamento, com a queda ainda pequena do tempo de apoio, mas, ainda assim, a medida é vista como a principal a ser tomada para conter a doença”, observa o diretor do instituto de pesquisa. A maioria dos entrevistados, 68,2%, ainda sai de casa apenas para praticar atividades essenciais (eram 69,2% na pesquisa anterior). A taxa média de apoio à quarentena é de 15,7 semanas desde 20 de março, índice similar ao da última amostragem, de sete dias atrás, que era de 16,7.
Prefeituras são melhor avaliadas
A avaliação dos moradores da Grande BH sobre a atuação dos governos no combate ao coronavírus caiu para o patamar mais baixo desde o início dessa pesquisa, marcando 5,1 pontos. No começo da pesquisa, essa percepção alcançou pontuação 6,6. Abaixo da média, puxando essa percepção, estão as respostas relativas aos governos federal, que mantiveram a nota 3, e estadual, de 4,8, perante os 5,5 anteriores.
A confiança maior ainda está nas prefeituras da Grande BH, que receberan 7,5 pontos, mas que apresentou recuo depois de registrar pontuação 8 na última semana. “Percebemos que as pessoas estão decepcionadas com os rumos que os governos tomaram. Não sentem que nenhuma esfera tenha dominado completamente a situação, recaindo mais sobre as ações de isolamento das populações a contenção da COVID-19”, observa o sócio-diretor do Instituto Olhar, professor Matheus Lemos de Andrade.
O governo federal tem a maior concentração de notas zero, com 45,1% de respostas o classificando assim ante a pandemia do novo coronavírus. O governo estadual conseguiu dobrar o seu índice de notas zero desde a última semana, saltando de 9,9% para 20,6% com essa conceituação, e uma porção importante (46,8%) dos entrevistados têm avaliação de notas 5 a 8.
As prefeituras municipais se destacam pelas notas máximas, que foram assinaladas por 32,2% da amostra da pesquisa. (MP)