Moradores e trabalhadores do Bairro Lourdes, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte - onde concentra mais casos de COVID-19 na capital mineira, estão apreensivos. Isso porque, números da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), publicados nessa quinta-feira, informam que a localidade tem 37 diagnósticos da doença, mais que qualquer outro bairro da cidade.
Maria Aparecida Borges Evangelista, de 67 anos, mora na Rua Felipe dos Santos e ficou ainda mais em alerta após saber sobre os dados divulgados pela administração municipal. "Com certeza ficamos com medo", disse. Ela diz que está tomando os cuidados de higienização necessários, assim como os cuidados com a alimentação para manter a imunidade.
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Ele ainda ressalta que se espantou com o número de pessoas na rua nesta região: "muita gente fazendo caminhada e passeando com o cachorro."
Mas, ele afirma que atendeu apenas um passageiro na manhã desta sexta-feira. No carro, ele conta com álcool em gel para fazer a higienização. "Tem máscara até para passageiro se precisar", acrescentou ele, que trabalha como taxista há 30 anos.
Meire Lane Resende, de 59, mora na Rua Alvarenga Peixoto, bem próximo do ponto de táxi. "Muita gente viajou para fora. O vírus estava circulando e as pessoas nem sabiam. Vejo uma ou outra pessoa sem máscara, mas os supermercados da região estão bem cheios", disse, acrescentando que ela está tomando todos os cuidados ao sair de casa. Ela é servidora pública e trabalha de casa.
A filha dela, Bruna Miranda, de 26, já tem outra hipótese para o alto número de casos na região: " a impressão é que o bairro está entre regiões muito movimentadas, como se fosse um bairro de passagem. Vejo muitas pessoas na rua, mas a minha referência é apenas a do Bairro de Lourdes, já que não tenho saído"
Além do Lourdes, outros três bairros da Região Centro-Sul registram 20 ou mais casos: Belvedere (26), Funcionários (22) e Sion (20).
Jeziel Sanches, de 34, é cuidador de idosos. Apesar de morar no Bairro São Marcos, na Região Nordeste da cidade, ele trabalha no Bairro São Pedro, na Região Centro-Sul. Para chegar até o endereço, ele passa pelo Bairro Funcionários. "Não tem opção, preciso trabalhar. O idoso não tem como ficar sozinho", disse. "Preciso redobrar a atenção. O número está crescendo e eu cuido de um homem que já é grupo de risco", afirma.
No total, 639 casos confirmados estão georreferenciados pela prefeitura, o que equivale a cerca de 60% do total, já que o boletim desta quinta informa sobre 1.068 diagnósticos na cidade.
O Bairro Castelo, na Pampulha, tem 18 diagnósticos. Serra (Centro-Sul), com 13; Prado (Oeste), com 12; e Santa Efigênia (Leste), com 12, fecham a lista dos 10 bairros mais infectados pela doença em Belo Horizonte.
Na tabela abaixo, é possível consultar quantos diagnósticos cada bairro concentra. Se o seu bairro não estiver na lista, é porque não há casos confirmados nele.
Minas
Minas Gerais ultrapassou nesta quinta o número de um terço das cidades com casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus. Segundo o boletim da Secretaria de Estado de Saúde, 288 (33,76%) dos 853 municípios mineiros têm ao menos um caso ou morte por COVID-19 confirmado.
Nesta quinta, 14 cidades entraram para a lista de locais que confirmaram seus primeiros pacientes infectados pelo vírus: Andradas, Andrelândia, Bocaiúva, Delfim Moreira, Inhapim, Miradouro, Monte Sião, Oliveira, Passa Quatro, Piedade dos Gerais, Piranguinho, Piraúba, Vespasiano e Visconde do Rio Branco.
Além disso, Minas registrou óbitos em 67 municípios. A taxa de letalidade da doença no estado é de 3,5%. (Com informações de Gabriel Ronan)