Há cerca de um ano, uma onça-pintada avistada no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na cidade de mesmo nome, na Zona da Mata mineira, roubou a cena no noticiário. Desde que foi avistado, o animal passou por diferentes etapas do plano nacional elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para conservação do felino.
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“Estamos felizes por saber que há indicativos suficientemente fortes de que o animal está vivo e que esta história tem um desfecho de sucesso”, comemora o professor da UFJF, Artur Andriolo.
Os pesquisadores acreditam que o animal está vivo porque encontraram na mata o colar branco que estava preso no pescoço do bicho. Os outros três felinos que habitam a área portam coleiras pretas.
Na região onde o item de monitoramento foi encontrado, os pesquisadores acharam o cadáver de tamanduá-mirim, muito provavelmente caçado pelo felino.
“Pelos vestígios e manchas de sangue fresco da caça, foi possível estimar também que ela esteve no local se alimentando havia cerca de 12 horas”, afirma o professor Fernando Azevedo, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), participante da captura da onça-pintada e coordenador de projetos sobre felinos.
"Esses são sinais fortes de que ela está bem, está caçando e estabeleceu território na área onde foi solta. Muito provavelmente pode ter cruzado com alguma fêmea – há duas no local -, considerando o tempo em que está no território. Só há outro macho na área e aparentemente cada um estabeleceu seu espaço”, completa Azevedo.
De acordo com o professor, esse é o primeiro caso de sucesso de translocação (reintrodução do animal em seu habitat natural) de uma onça-pintada em região de Mata Atlântica.
“Há muitos anos uma onça desse bioma foi levada para o Pantanal. Mas entre áreas de Mata Atlântica é o primeiro registro documentado de que tenho notícia.”
Relembre o caso
Depois de 17 dias rondando por áreas de mata e também de grande concentração de pessoas de Juiz de Fora, a onça-pintada que causou alvoroço na cidade foi capturada em 13 de maio de 2019.
A captura ocorreu durante a noite com o uso de uma armadilha do tipo caixa, em que o animal foi atraído pela presença de alimentos.
Em seguida, veterinários da operação centralizada pela Universidade Federal de Juiz de Fora aplicaram um tranquilizante e fizeram o manejo do animal, além de todos os exames e colocação de um rastreador para acompanhar a movimentação.
Devido a movimentação do felino, o Jardim Botânico da UFJF teve que ser fechado, por motivos de segurança.
A reabertura só aconteceu em 5 de junho do ano passado, quando foi comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente.