Os riscos de contágio da COVID-19 não afetam somente os profissionais que recebem os pacientes nas unidades hospitalares, mas também especialistas que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Um dos integrantes deste grupo é o médico cirurgião Lucas Fragoso, de Divinópolis, na região Centro-Oeste de Minas. Ele ganhou notoriedade na semana passada, quando vestiu uma fantasia de cachorro colocada sobre equipamentos de proteção para poder abraçar sua primeira filha, Lara, de 2 anos, sem oferecer riscos de transmissão a ela.
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“Não dá conta de ver o patógeno (o vírus). Mas, ao mesmo tempo, (a apreensão) gera uma reação de atenção, de sobriedade muito grande, porque qualquer pequeno erro pode ser o suficiente para a gente se contaminar”, completa.
Lucas Fragoso disse que, na primeira vez que entrou numa unidade de terapia intensiva para o atendimento a um paciente com a COVID-19, ficou muito receoso de contágio da doença respiratória. “Parecia que eu não poderia nem respirar. Mesmo que tivesse duas máscaras, capote, toda paramentação possível, parecia que era inevitável pegar o vírus”, descreve. “Ao longo das outras visitas e abordagens, fui ficando mais tranquilo em relação a isso”, assegura ele.
Por outro lado, o cirurgião comenta a satisfação de ter testemunhado pessoas curadas da COVID-19 depois de enfrentarem o agravamento da doença respiratória. “Graças a Deus, a gente presencia os pacientes que melhoram da infecção, que conseguem sair do CTI e ir para a enfermaria e, posteriormente, (ir) para seus lares. Isso é muito gratificante”, comenta Fragoso.
O especialista de Divinópolis cita o caso de uma médica, colega de trabalho, que foi contaminada com o coronavirus, “ficou mal, uma situação bastante delicada, em isolamento, durante três semanas”, e se recuperou. “Hoje, ela conseguiu rever os filhos de forma segura. Isso dá esperança para nós”, afirma o cirurgião.
Surpresa para a filha
Na semana passada, o médico Lucas Fragoso preparou uma surpresa para a filha Lara e para a mulher dele, grávida de oito meses. Ele apareceu na casa da sogra vestido uma fantasia de cachorro colocada em sobre equipamentos de proteção.
Foi uma forma que o cirurgião encontrou para abraçar a filha de maneira segura, sem oferecer riscos de transmissão do coronavírus. Havia duas semanas que ele estava afastado da mulher e da filha, trabalhando na linha de frente contra a COVID-19 em hospitais de Divinópolis.
“Pedi a Deus para que eu conseguisse abraçá-la, que não ela não tivesse medo de mim. Dei a ela um boneco do Mickey e ela perdeu um pouco do medo. Foi muito forte, um abraço muito poderoso Me senti extremamente feliz”, lembra.
O cirurgião contou que, ao pegar a pequena Lara no colo, reviveu a emoção do nascimento da filha. “Falei para algumas pessoas que foi muito similar quando ela nasceu. Peguei ela no colo e foi uma mistura de medo com um amor muito grande”, relata Fragoso, que tem oito anos de formado e é casado há cinco anos.