A COVID-19 gera muita apreensão junto à população por ser altamente transmissível. Para que as pessoas possam esclarecer dúvidas e analisar sintomas da doença, foi colocado à disposição da população um serviço de atendimento gratuito, via WhatsApp. A teleconsulta é oferecida, em nível nacional, pelo Dr. Presente, uma ferramenta de inteligência artificial implantada pela Associação Presente de Apoio a Pacientes com Câncer, organização não governamental, sem fins lucrativos, de Montes Claros, no Norte de Minas.
O acesso é feito pelo número (38) 3213-4296. Há também a possibilidade de acesso pelo site https://drpresente.com/.
A presidente da Associação Presente, a médica oncologista Priscilla Miranda, explica que o objetivo principal da iniciativa é orientar a população e desafogar os hospitais e outras unidades de saúde durante a pandemia da COVID-19.
Segundo ela, o “Dr. Presente”, lançado na segunda quinzena de abril, já atendeu a mais de 3 mil pessoas de por 20 estados brasileiros – 70% na faixa de 50 a 60 anos e 65% delas mulheres. Priscilla Miranda diz que o serviço já foi acionado por moradores de 114 cidades brasileiras, entre elas, Belo Horizonte e capitais com elevados números de casos do novo coronavírus, como São Paulo e Manaus.
O Dr Presente foi desenvolvido pela startup Help Health, especializada em inteligência artificial para soluções em saúde. A ferramenta simula a triagem de pacientes por meio de um questionário. Mais de 40 profissionais voluntários, entre médicos, enfermeiros e psicólogos, estão atuando na iniciativa.
“A partir da anamnese (entrevista sobre condições de saúde), quando necessário, o próprio sistema 'sugere' que a pessoa receba o teleatendimento por um profissional”, explica Jarbas Fernandes Soares Filho, conselheiro da Associação Presente.
Após o agendamento pelo WhatsApp, um profissional liga para o paciente para a teleconsulta, no horário marcado, como se fosse em um consultório na forma presencial.
Após o agendamento pelo WhatsApp, um profissional liga para o paciente para a teleconsulta, no horário marcado, como se fosse em um consultório na forma presencial.
“Este é um serviço de utilidade pública que disponibiliza informações relevantes na contenção do novo coronavírus. Nosso objetivo é contribuir de alguma forma para evitar o colapso do sistema de saúde, garantindo assim atendimento aos pacientes que mais precisam. Foi a forma que encontramos para nos mantermos fieis à nossa missão de prevenção e promoção da saúde”, acrescenta Priscilla Miranda.
Busca por auxílio psicológico
Segundo a especialista, 30% do público que já recorreu ao serviço também buscou atendimento psicológico: “Percebemos que o acolhimento do serviço oferecido pela ferramenta do Dr. Presente tem um alcance emocional e social muito grande”.
A médica salienta que muitas pessoas procuram informações pelo atendimento a distância movidas não somente pela busca de informações sobre sintomas da COVID-19, mas também por estarem abaladas emocionalmente diante da pandemia ou pela perda de entes queridos.
Priscilla Miranda cita o caso de um paciente de 59 anos, do Paraná, atendido por ela pelo sistema de teleconsulta. O homem contou que estava com medo de ser contaminado pelo novo coronavírus: “Ele ficou emocionado e começou a chorar. Na sequência, contou que estava fragilizado porque tinha perdido um amigo, que morreu em virtude da doença e tinha sido sepultado havia dois dias. Era um colega de trabalho dele, com quem dividiu a sala durante 35 anos em uma cooperativa. Ele não teve como ir ao sepultamento. Foi impedido de se despedir do melhor amigo”.
A médica recomendou ao homem que conversasse com um psicólogo voluntário do atendimento por teleconsulta. Ele recebeu a assistência psicológica e, depois, procurou o “Dr. Presente” para agradecer.