Com a notícia da reabertura gradual do comércio em Belo Horizonte, divulgada nesta sexta-feira (22), os salões de beleza se preparam para atender aos clientes seguindo todas as orientações impostas pela prefeitura. Em meio aos preparativos, a criatividade de funcionários e empresários é o que mantém a renda fixa dos profissionais da beleza. Em conversa com o Estado de Minas, esses trabalhadores compartilharam como tem sido a rotina e a organização desses espaços.
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COVID-19: secretário de Saúde admite 'medo' ao reabrir comércio em BHBom Despacho registra quarto caso de coronavírus em menos de 24 horasValadares torna regras mais rígidas para conter pandemia Empresa apoia retomada das atividades em salões de beleza de Minas GeraisBH: Reabertura de shoppings populares representa risco?Ela conta que antes da pandemia comprava máscaras profissionais feitas de TNT em grande quantidade. Isso porque o material já era usado dentro do salão como medida de segurança e higiene. Apesar disso, agora os preços do material aumentaram. Segundo a empresária uma caixa com 50 máscaras chegava a custar R$ 18; agora, durante a pandemia, a unidade de máscara varia entre R$ 15 e R$ 20.
Há cerca de 15 dias, Oriadina vem reunindo seus funcionários para garantir o treinamento necessário para a reabertura do salão. A empresária afirma que se sente na obrigação de cumprir todas as regras para priorizar a saúde de clientes e funcionários.
Em coletiva de imprensa feita nesta sexta-feira (22) o secretário municipal da Saúde Jackson Machado afirmou que "Salões de beleza, manicure, pedicure somente poderão funcionar com horário marcado, sem espera e com intervalo de no mínimo 30 minutos após a finalização do cliente anterior.”
Por isso, Oriadina vai modificar todo o layot do salão. Para a reestruturação serão feitas duas salas, uma para manicure e outra para cabelo. A ideia é que as clientes, que agora serão marcadas por horário exclusivo, nunca se encontrem dentro do salão.
Outra medida é a higienização de todos os materiais e móveis dentro do espaço. Além da desinfecção, serão instalados álcool em gel e entregues máscaras para todos os clientes.
Outra medida é a higienização de todos os materiais e móveis dentro do espaço. Além da desinfecção, serão instalados álcool em gel e entregues máscaras para todos os clientes.
“As pessoas vão ter dúvidas. Eu sei que estamos todos com medo. Acredito que a reabertura vai ser gradual, nada vai acontecer imediatamente. Vivemos em outra realidade. Precisamos de algo que nos ensine e estruture nossa população a consumir conscientemente”, afirma.
A empresária Vera Mascarenhas, dona do Salão Spazio Vera Mascarenhas, também no Buritis, vem se organizando para reabrir o negócio. Ela conta que a ansiedade da volta tem sido motivadora para a organização de todo o espaço. “Estamos comprando álcool em gel para profissionais e clientes, fazendo a higienização de cadeiras e materiais e pretendemos fazer isso a cada troca de clientes. Além de comprar aventais e máscaras”, afirma.
Durante a quarentena, para manter os negócios, a empresária optou pela venda de vouchers. O serviço varia de R$ 80 até R$ 240 e será utilizado pelas clientes depois que a reabertura for uma realidade. Cobrindo serviços como mechas, tratamento, finalização, retoque na área de crescimento, nutrição, escova, pé e mão, essa foi a forma que Vera encontrou para manter a receita.
Os salões de beleza fazem parte do primeiro grupo que foi liberado pela Prefeitura de Belo Horizonte. Já a partir desta segunda-feira, voltarão ao funcionamento salões de beleza (exceto clínicas de estética), shoppings populares e comércios varejistas, com horários estabelecidos previamente com o objetivo de diminuir aglomerações no transporte público.
Atendimento em casa
A cabeleireira Naya Faria, de 31 anos, optou por fazer atendimentos à domicílio durante a quarentena. Seguindo todas as medidas de segurança, ela que foi impedida de trabalhar no salão e acabou tendo a renda comprometida. “Atender em casa foi a melhor solução. Apesar disso, tive que abaixar o valor do meu trabalho, mas trouxe comodidade, o que acabou dando um retorno legal”.
Naya é profissional do estúdio YOLO, localizado no bairro São Bento, Zona Norte da capital. Ela conta que tem recebido diversas capacitações e recomendações para que, ela possa atender os clientes com responsabilidade. Segundo Naya, vários kits para clientes estão sendo vendidos e serão usados quando o salão reabrir. Além disto, a compra de materiais de segurança como luvas, máscaras, aventais, termômetro e álcool em gel estão sendo feitas.
Criatividade e tecnologia
Pondo a criatividade em prática, a maquiadora Ana Luiza Alves resolveu divulgar seu trabalho e manter a renda de forma inusitada na quarentena. A jovem, de 20 anos, começou um canal no Youtube e vem publicando dicas de maquiagem para seus seguidores.
Ela conta que, apesar de estar com o negocio parado, conseguiu no entretenimento continuar trabalhando: “Fomos incapacitados de trabalhar, o que de certa forma foi um baque. Recebo muitas mensagens das minhas clientes, falando que sentem saudade de se produzir e maquiar. Foi aí que tive a ideia de levar meu conhecimento para a casa dessas pessoas e o canal do Youtube foi a forma mais legal que eu consegui encontrar”.
Além de dar dicas via Youtube, a maquiadora também está postando diversos vídeos no Instagram. As dicas variam entre tutorias de maquiagem até vídeos com certo tom de humor, onde a jovem ensina como por exemplo, limpar pincéis.
Ana Luiza também viu na venda de vouchers a melhor forma de manter a renda. Estudante de publicidade e propaganda na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), ela desenvolveu tickets para os clientes consumirem após a quarentena. “Foi uma forma de continuar ganhando dinheiro e manter os clientes. E o mais legal é que de certa forma as pessoas se sentem animadas e ansiosas para a chegada da maquiagem”, afirma.
*Estagiária está sob supervisão da subeditora Kelen Cristina