Jornal Estado de Minas

Familiares das vítimas de Brumadinho cobram justiça em ato virtual


Os balões pretos contam os dias de luto - 487, no total. Fotos e faixas expressam dor, indignação e saudade. Emocionadas, três mulheres fazem uma chamada triste, que não será respondida. Ela contém os nomes das 272 vítimas da tragédia de Brumadinho - pior desastre minerário das últimas três décadas, causado pelo estouro da barragem da Mina Córrego do Feijão, controlada pela Vale S/A.  

A cena é do ato virtual comandado nesta segunda-feira (25) pela Avabrum, a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pela tragédia de Brumadinho. Realizada no marco de entrada da cidade, que fica na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a manifestação reuniu oito pessoas - eleitas para representar os demais integrantes da organização, que evitaram se aglomerar em função da pandemia do novo coronavírus. O evento foi transmitido ao vivo, pelo Facebook. 




Segundo Josiane Melo, uma das dirigentes da Avabrum, o ato reforça o anseio das famílias dos atingidos pela punição dos responsáveis pela catástrofe, que derramou 12,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos em Brumadinho. Os participantes também cobram a retomada das buscas pelas 11 pessoas ainda desparecidas sob a lama que devastou a região. O resgate dos corpos foi interrompido pelos bombeiros em 21 de março, após o decreto de Situação de Emergência em Saúde assinado pelo governador Romeu Zema (Novo). O retorno das atividades está marcado para 16 de junho.   

No mês em que se comemorou o Dia das Mães, as famílias também lembraram aquelas que perderam seus filhos na tragédia. "Dói demais o jeito que vocês foram embora", enfatizava uma grande faixa empunhada pelos manifestantes. "O que nós perdemos é irreparável. Dinheiro nenhum dos restitui. Queremos justiça, punição, e a construção do memorial em honra as vítimas desse crime", afirma Josiane Melo. Ela perdeu a irmã grávida de cinco meses no desastre. 

Operação suspensa

A Polícia Civil traballha na identificação dos fragmentos humanos já resgatados, que ainda estão no Instituto de Criminalística de Belo Horizonte. Desde a paralisação das buscas, nenhuma nova vítima foi identificada.

A maior operação de resgate do Brasil envolve cerca de 700 pessoas, entre entre bombeiros, funcionários da Vale e terceirizados, que trabalharam 421 dias de forma ininterrupta até o decreto de quarentena.