A queda nas vendas foi abissal. Sessenta por cento na Scriptum, 85% na Ouvidor, 90% na Quixote. Pouco mais de 60 dias fechadas, as três livrarias da Rua Fernandes Tourinho, que formam o tradicional reduto livreiro da Savassi, em Belo Horizonte, reabriram suas portas nesta segunda-feira. Um misto de alívio e apreensão cerca os proprietários.
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Mesmo com o fechamento imposto pelo período de quarentena, as três livrarias continuaram atendendo aos clientes. Todas de portas fechadas, trabalharam vendendo livros via redes sociais e telefone. As entregas foram feitas via Correios ou motoboy.
Belfort comenta que foi a venda on-line que o salvou. Durante o período ele fez algumas promoções, muitas com títulos próprios, já que a Scriptum é também editora.
Tradição que recomeça na Ouvidor
Bernardo Ferreira, da terceira geração de proprietários da Ouvidor, trabalhou sozinho durante o primeiro mês do isolamento social. Já no segundo passou a contar com um livreiro e, a partir desta semana, os demais funcionários voltarão para a livraria, que completou 50 anos neste 2020. “Continuamos atendendo realmente para não parar, pois a venda foi de 15% dos que costumamos vender”, ele comenta.Como houve poucos lançamentos literários no período e as livrarias estavam de portas fechadas, não houve reposição de estoque. “As novidades virão a partir de agora”, conta Ferreira.
Para os títulos que a Ouvidor não tem no local, os pedidos são feitos para distribuidora. Em boa parte dos casos, são entregues no próprio dia.
Cafezinho adiado na Quixote
Livraria também muito conhecida por seu café e por seus lançamentos, a Quixote reabriu nesta segunda-feira. Mas só para vender livros. Não há mesinhas na portas, nem movimento na cafeteria.“Não me sinto ainda completamente segura”, comenta a sócia Cláudia Masini, que fará o atendimento presencial, pelo menos neste momento, sem funcionários. Somente ela e seu sócio, Alencar Perdigão.
Mesmo com as dificuldades do período, ela diz, houve boas surpresas. “Não tinha, até então, essa experiência de atender sem ser pessoalmente. E vi muito carinho. Muita gente que era cliente indicou outras pessoas que viraram clientes. E me pediam muita indicação”, comenta Cláudia.
Um dos títulos que ela mais vendeu no período foi A vida pela frente, clássico da literatura francesa, de Romain Gary.