Jornal Estado de Minas

PREOCUPAÇÃO

Esgotos de BH e Contagem apresentam aumento da presença de coronavírus

Os esgotos de Belo Horizonte e Contagem apresentaram aumento da presença do novo coronavírus na segunda etapa de amostras coletadas na bacia do Ribeirão Arrudas e do Ribeirão do Onça. Segundo levantamento do projeto Monitoramento COVID Esgotos feito de 27 de abril a 8 deste mês, 50% do material recolhido para análise continham o vírus da pandemia no Arrudas, o que significa aumento de quase o dobro em relação à pesquisa anterior, realizada de 13 a 24 de abril. Já no Ribeirão do Onça, o boletim divulgou aumento de 64% para 69% nas amostras.


 
 
A pesquisa vem ocorrendo por meio de parceria entre a Agência Nacional de Águas (ANA), o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis -UFMG), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). 

Os sistemas de esgotamento sanitário inseridos nessas bacias esgotam os efluentes gerados por uma população de cerca de 2,2 milhões de habitantes (cerca de 71% da população urbana destas duas cidades). Para realizar a segunda etapa de estudos, os pesquisadores fizeram coleta e análise de 20 dos 24 pontos observados em locais estratégicos de Belo Horizonte e Contagem.



Foram analisados 15 pontos localizados em sub-bacias, as quais são representativas de diferentes regiões e bairros das duas cidades; três pontos representativos de hospitais de referência para tratamento da COVID-19; quatro pontos representativos das duas principais estações de tratamento de esgoto que atendem a Belo Horizonte e parte de Contagem; e outros dois pontos dos ribeirões Arrudas e do Onça, localizados imediatamente a montante do ponto de lançamento do efluente tratado das estações de esgoto.



“Os resultados aqui apresentados são preliminares, pois não incluem todos os pontos de amostragem contemplados no projeto e ainda estão sendo feitas as validações dos métodos de amostragem e de quantificação viral. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Minas Gerais fornecerá em breve os dados de casos suspeitos, confirmados e óbitos referentes a pacientes com COVID-19 em cada uma das regiões monitoradas. A partir da obtenção desses dados, será possível comparar os dados regionalizados das concentrações de vírus no esgoto e de casos de COVID-19”, informa o Monotiramento COVID Esgotos por meio de nota.

Por mais que o aumento no Ribeirão do Onça tenha sido menor em relação à primeira fase de pesquisas, a bacia se torna a maior preocupação para as autoridades de saúde, visto que as amostras com COVID-19 superam as do Ribeirão Arrudas. 

A previsão é de que o trabalho dure 10 meses. Os pesquisadores descartam a transmissão do vírus por meio de fezes (transmissão feco-oral). O estudo em questão poderá ser útil para determinar a expansão da doença em várias regiões, o que pode direcionar as medidas de isolamento social