O prefeito Alexandre Kalil (PSD) teceu fortes críticas à gestão do serviço público de saúde brasileiro e fez uma espécie de 'elogio às avessas' a Belo Horizonte. 'É a melhor porcaria do Brasil', disse, em entrevista coletima na tarde desta sexta-feira.
Leia Mais
Prefeitura de Belo Horizonte decide não ampliar reabertura do comércioMais de 80% da população de Minas vive em cidades com a COVID-19PBH cria site para tirar dúvidas sobre as regras da reabertura do comércio; consulte Alerta vermelho para COVID-19 em BH: confira o que pode funcionarPrefeitura de Contagem deve reabrir shoppings a partir de 8 de junhoCaso de COVID-19 no Morro do Papagaio liga alerta nas comunidadesKalil: 'Consciência na periferia é muito maior que nos bairros elegantes de BH'"Nós estamos em estado de guerra. Os dados são alarmantes. São colaborativos. Humildemente, vamos informar a todas as cidades, porque tivemos acesso a estudos, o que está acontecendo. Prestem bem atenção. Estamos humildemente comunicando o que está acontecendo no estado de Minas Gerais por um sucateamento da saúde de anos e anos. Então, não me venha falar que isso é político, que é contra esse ou contra aquele", disse Kalil.
O prefeito, então, ampliou para uma abrangência nacional as críticas anteriormente direcionadas a Minas Gerais. "Foi abandono da saúde pública que este país sofreu, e que Belo Horizonte conseguiu amenizar. Já cansei de falar isso, e vou repetir: o SUS (Sistema Único de Saúde) é um espetáculo. O serviço público, por roubalheira, por incompetência ou por abandono, é uma porcaria. Mas Belo Horizonte ainda é a melhor porcaria do Brasil", disse.
Na visão do infectologista Estevão Urbano, integrante do Comitê de Enfrentamento da crise da COVID-19 na capital, a vinda de pessoas infectadas para a cidade prejudica o sistema de saúde: “Há realmente uma procura dos hospitais privados de pacientes de outros estados, mas da rede privada. Isso nos preocupa, porque eles trazem acompanhantes que podem estar infectados e estes irão para hotéis. Belo Horizonte vem sendo espremida. A amplitude do escudo de proteção vai diminuindo. Isso aqui é uma análise. Não é culpar ninguém”.
Segundo ele, o aumento dos casos nos municípios vizinhos representa uma preocupação a mais para as autoridades de saúde da capital: “Temos algumas cidades com ponto alto de transmissão. Isso é muito perigoso, porque representa a explosão do nosso potencial muito próxima. Muitas dessas pessoas vêm para Belo Horizonte e têm de entrar na análise (dos dados). Temos de fazer um trabalho de responsabilidade nesse distanciamento. Numa mesma semana, poderemos dizer se vamos abrir ou se vamos fechar totalmente o comércio".
Segundo boletim epidemiológico divulgado nesta sexta-feira pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), Minas Gerais tem 9.232 casos confirmados de coronavírus. Desses, 257 evoluíram para óbito. Em Belo Horizonte, são 1.766 registros de COVID-19, dos quais 48 resultaram em mortes.