Carros nas ruas e gente se exercitando são partes de uma cena comum durante os domingos em Belo Horizonte. Hábitos que não mudaram com a quarentena. Na manhã deste domingo (31), a reportagem do Estado de Minas observou fluxo intenso de veículos no Anel Rodoviário e em bairros das regiões Oeste e Noroeste. Em pistas de cooper, muitas pessoas caminhavam sem máscara.
Este é o primeiro fim de semana após a flexibilização do comércio na capital mineira. De acordo com a BHTrans, foi identificado um aumento de 5% no fluxo de veículos na área central entre segunda e quinta-feira.
Segundo dados apurados pelo órgão, nos quatro primeiros dias da semana foi registrado um fluxo médio de 199 mil veículos por dia por lá. Já na semana anterior, essa média diária foi de 189 mil veículos. A empresa não informou dados sobre as outras regiões da cidade e explicou que os dados do fim de semana estão em apuração.
Domingo de passeio
Mesmo com as recomendações de isolamento social alertadas por especialistas da área da saúde, muitas pessoas aproveitam o domingo para sair ao ar livre. Como muitas praças foram interditadas pela prefeitura, os belo-horizontinos optaram por pistas de cooper, como na Rua Henrique Badaró Portugal, no Buritis, Região Oeste de BH.
Cássio Neves, de 49 anos, mora no bairro e disse que passeia com o cachorro todo fim de semana por cerca de uma hora. “Venho todo domingo, faz bem pra gente e pro animal, que está ‘gordinho’”, brinca o engenheiro, que estava sem a proteção facial. “Estou sem máscara porque não consigo caminhar e correr com ela, mas no trabalho uso o tempo todo”, disse.
A engenheira ambiental Larissa Marques, de 29, também levou o bicho de estimação para passear e fazer atividade física, mas se preocupa com as medidas de segurança. “Acho que é importante distrair, tomar um sol, mas tomo os cuidados necessários”, disse a também moradora do Bairro Buritis, que caminhava no passeio, onde não havia aglomeração. “Evito passar onde tem gente. Fico mais afastada”, conta.
Larissa também se preocupa com o movimento de esportistas no bairro. “Reparo que, como as praças estão fechadas, muita gente têm vindo pra cá porque é o único local aberto. Me preocupa se as pessoas não tomam os devidos cuidados”, disse. “Acho que tem que ter um equilíbrio. A prática de atividade física, se não puder ser feita dentro de casa, é uma alternativa. Mas sempre que possível, melhor ficar em casa.”
Movimento 30% maior
Neste domingo, a reportagem do Estado de Minas mostrou que o comportamento dos popularmente chamados domingueiros – pessoas que aos domingos reúnem sua família, amigos e vizinhos para passeios –, pode ser um dos pontos fracos do afastamento social em Belo Horizonte e até comprometer os recentes avanços, como a reabertura gradual do comércio.
De acordo com levantamento do aplicativo de trânsito Waze, desde o início da epidemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), os domingos têm sido sucessivamente os dias da semana de maior movimento de carros na capital mineira, superando em 28,92% a média de tráfego do período.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que todas essas informações são levadas em conta para ações pontuais de dispersão de aglomerações, bem como fechamento de áreas como praças e mirantes. Lembra, também, que uma piora nos indicadores da COVID-19 pode obrigar a uma regressão das recentes aberturas.
Na sexta-feira, o prefeito Alexandre Kalil anunciou que o comitê de enfrentamento da PBH vetou a progressão da abertura do comércio, que começaria amanhã. Especialistas condenam esse comportamento, que leva perigo mesmo com as pessoas dentro dos carros. (Com Mateus Parreiras)
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que todas essas informações são levadas em conta para ações pontuais de dispersão de aglomerações, bem como fechamento de áreas como praças e mirantes. Lembra, também, que uma piora nos indicadores da COVID-19 pode obrigar a uma regressão das recentes aberturas.
Na sexta-feira, o prefeito Alexandre Kalil anunciou que o comitê de enfrentamento da PBH vetou a progressão da abertura do comércio, que começaria amanhã. Especialistas condenam esse comportamento, que leva perigo mesmo com as pessoas dentro dos carros. (Com Mateus Parreiras)