Donos de lojas de artigos que vendem decoração, trajes e comidas típicas das tradicionais festas juninas — que ocorrem anualmente entre os meses de junho e julho — e que contam com a renda extra das vendas durante o evento, já estão se preparando para os impactos e os prejuízos da pandemia do novo coronavírus durante o período. Com escolas fechadas e com a recomendação de isolamento social, a tradição teve de ser deixada de lado, mesmo que temporariamente, para evitar a propagação da COVID-19.
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Lojistas pedem reabertura da Galeria do Ouvidor: 'Shopping popular pode, por que nós não?'Minas chega a 278 mortes e mais de 10 mil infectados pelo coronavírusCidades do Norte de Minas proíbem festas juninas por causa pandemia“Todo ano, eu abro no final de abril ou no princípio de maio, mas esse ano não deu para abrir porque estava proibido. Trabalho quase que exclusivamente com roupas de quadrilha. Os vestidos estão todos embalados,” explica Sonia Maria, de 63 anos, que atua no ramo há mais de 20 anos, e completa “os clientes sumiram porque não pode ter aglomeração e eu alugo muito para escolas (que estão fechadas), então ninguém me procurou. Só três pessoas ligaram querendo roupinhas, mas para tirar foto”, explica.
Nesta segunda-feira (1), a proprietária que diz que nunca antes havia passado por uma situação como esta, resolveu abrir a loja que fica na Rua Maria Helena Marques, no Bairro São Pedro, em Venda Nova, pela primeira vez. A decisão veio uma semana depois da autorização da reabertura de alguns setores do comércio, pela prefeitura de BH que começou a partir da última segunda-feira (25). A esperança, é de que com as portas abertas, os clientes apareçam. “ Vou começar a colocar as roupas para fora, vai que alguém passa e vê.”
Um dos eventos mais tradicionais da capital mineira, realizado desde 1979, o Arraial de Belo Horizonte já havia sido suspenso por causa da pandemia do novo coronavírus. Além de eventos nas nove regionais, o concurso de quadrilha realizado anualmente na Praça da Estação, com shows e concurso de gastronomia, reunia milhares de pessoas e precisou ser adiado por tempo indeterminado.
Para Giselma Santos, de 30 anos, que há sete meses, comprou uma loja de artigos de festas, o gosto amargo do prejuízo vem se acumulando desde a páscoa. Em períodos de feriados como estes, ela e outros lojistas do segmento esperam um aumento significativo nas vendas, mas por causa da pandemia, a expectativa deu lugar à decepção.
“Até tentamos trabalhar com os produtos para festa junina, mas os nossos pedidos não chegaram. Estamos nesta situação desde a páscoa. Veio Dia das Mães, vem aí o dia dos namorados, tivemos que fechar e isso acaba desorganizando toda a nossa programação”, conta.
Ela conta que além de artigos para decoração, trabalha com produtos perecíveis e não tem encontrado estratégias para salvar as vendas neste período. “Está sendo bem difícil, a única coisa que a gente está tentando fazer é vender o que a gente já tem, colocando a preço de custo, mas só para não deixar estragar. A gente sabe que o movimento não vai voltar agora, ainda vai demorar.”
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.