Mais da metade dos municípios de Minas Gerais contabilizam pelo menos um caso confirmado de coronavírus. De acordo com um levantamento feito pelo Estado de Minas, com base nos boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES/MG), 453 cidades já possuem pacientes com COVID-19. O número representa 53,1% do território estadual. Diante dos números, a reportagem ouviu gestores de diversos municípios para saber como está sendo a luta contra a pandemia.
Uma das regiões que mais têm sido afetadas pelo coronavírus nos últimos dias é no Vale do Aço, como o Estado de Minas mostrou no dia 29 de maio. A cidade de São João do Oriente, com 7.874 habitantes, localizada na mesma parte no estado, irá contratar mais médicos para evitar que pacientes sejam deslocados para hospitais de Caratinga e Ipatinga. Foi nesta última cidade que uma mulher que residia em São João do Oriente faleceu por complicações causadas pela COVID-19.
De acordo com o prefeito Joaquim Coelho da Silva, a suspeita é que a vítima tenha contraído a doença no próprio hospital em Ipatinga, já que sua internação no centro médico passou de 40 dias. Após a morte da paciente, um teste foi feito, no qual constou positivo para COVID-19. As filhas também foram testadas, segundo Joaquim, mas o resultado de ambas constou negativo.
Ações como manter pessoas de fora da cidade em isolamento e desinfecção em áreas comuns estão sendo feitas. “Todo o pessoal que chega de fora, fica de quarentena, principalmente do estado de São Paulo e Rio de Janeiro”, disse o prefeito.
Outra cidade que entrou no mapa de pacientes infectados pelo novo coronavírus foi Coimbra, na Zona da Mata, com 7.074 habitantes. De acordo com a prefeitura, uma profissional de saúde que trabalha em Viçosa foi a primeira paciente contaminada de Coimbra. Além da questão sanitária, a pandemia também pesou na questão política, com a renúncia da prefeita Maria Raimunda dos Santos Martins. O vice Nilson Geraldo Ladeira assumiu e colocou novas medidas em prática, como o uso obrigatório de máscaras na cidade.
Coimbra também adotou barreira sanitária na entrada da cidade. Só podem entrar moradores, prestadores de serviços e pessoas que tiverem autorização prévia da prefeitura. O ‘sinal verde’ para entrar no município deve ser requerido por meio do site da administração municipal. O comércio funciona até 19h30, mas o prefeito não quis aderir ao programa ‘Minas Consciente’, feito pelo governo de Minas.
“Tem umas coisas que a gente não concorda muito, que é a questão dos bares e restaurantes sem a apresentação artística. Quem vai para o bar, vai querer tomar sua cervejinha. Mas isso não quer dizer que eu vá aderir. O governo de Minas disse que já estudando algumas mudanças”, afirmou Nilson.
Também na Zona da Mata, a cidade de Descoberto, com 4.757 habitantes, teve seu primeiro caso de coronavírus confirmado. Após o fato, o protocolo feito pelo município foi acionado. De acordo com o secretário de saúde da cidade, José Maria de Castro Júnior, se trata de um paciente que trabalha numa empresa de Miraí.
“Já tínhamos montado um protocolo. Isso foi de acordo com sintomas de cada caso. Com sintomas leves, fizemos um teste rápido no paciente e positivou. A família deu negativo. Solicitamos o isolamento e acompanhamento da família. 12 dias depois fizemos mais um teste e a família negativou de novo. Havia o acompanhamento diário da família para não haver disseminação”, disse o secretário.
O município também adotou algumas medidas para conter a circulação de pessoas, como a renovação de receitas de forma remota. Entregas de remédio pela farmácia municipal estão sendo feitas via delivery. Ações de prevenção, como a adoção de barreiras sanitárias, também foram tomadas. O comércio local está sendo pautado pelo ‘Minas Consciente’, na onda verde, onde somente estabelecimentos essenciais podem funcionar.
No dia 27 de maio, a cidade de Olaria, com apenas 1.981 habitantes, também na Zona da Mata, registrou dois casos de coronavírus. Os pacientes, de acordo com a prefeitura, trabalham em Juiz de Fora. Barreiras sanitárias foram instaladas na entrada da cidade, com apoio da Polícia Militar. Além disso, um médico infectologista também foi contratado para atender a população aos sábados. O mesmo profissional também orienta os gestores do município na tomada de decisões.
O trânsito de pessoas dentro da cidade só pode ser feito mediante o uso de máscaras. Para facilitar o acesso ao equipamento de proteção individual, a prefeitura firmou uma parceria com a Associação de Artesãos do Município de Olaria para a produção de itens, que foram entregues a todas as pessoas do grupo de risco residentes na cidade. Fiscais da Vigilância Sanitária, com o apoio da PM, também garantem que praças e áreas de lazer não sejam utilizadas.